Mickaël dos Santos, o francês de 22 anos de origem portuguesa
identificado no vídeo da decapitação do refém norte-americano Peter Kassig e de
18 soldados sírios, jogou futebol no Lusitanos de Saint-Maur até aos 14 anos,
um clube fundado em 1966 por emigrantes portugueses, nos arredores de Paris.
Custódio
Ferreira, dirigente do clube há 30 anos, conheceu Mickaël dos Santos, que jogou
com o próprio filho, e disse à Lusa que «era um jovem calmo, reservado e que
nunca mostrou sinais de violência». Dois irmãos do alegado 'jihadista' também
passaram pelo clube, de acordo com o dirigente desportivo, que sublinha que
«eles não se converteram ao Islão».
O
dirigente do Lusitanos de Saint-Maur «não sabia que ele tinha ido para a Síria,
mas sabia que se tinha convertido ao Islão", acrescentando que "a mãe
chorava a dizer que tinha problemas com o filho». Custódio Ferreira disse,
ainda, que "a mãe tinha dito às autoridades que o filho se estava a
radicalizar".
A
última vez que o dirigente desportivo esteve com o pai de Mickaël dos Santos
foi no sábado, aquando do jogo entre dois clubes «Lusitanos»: o
Créteil-Lusitanos contra o Lusitanos de Saint-Maur, para a Taça de França. «Só
lhe disse boa noite», recorda, avançando que nunca falou sobre o filho.
O
clube Lusitanos de Saint Maur é presidido pelo português Artur Machado há
quatro anos, que falou à Lusa de «uma notícia complicada para a comunidade
portuguesa», acrescentando que «se pensa sempre que acontece com os outros mas
nunca na nossa casa».
Artur
Machado não conheceu o jovem mas falou da mãe dele como «uma pessoa sempre
disposta a ajudar nas festas de fim do ano do clube».
Mickaël
dos Santos vivia no bairro de Tremblay, em Champigny-sur-Marne, nos arredores
de Paris, tendo nascido nesta cidade a 17 de janeiro de 1992, filho de pais
portugueses, e tendo-se naturalizado francês em 2009, o ano em que se converteu
ao Islão, de acordo com a agência France Presse.
A
comunidade portuguesa da região está «um pouco chocada» com a notícia,
descreveu Romeu Amorim, vereador de Saint-Maur-des-Fossés.
«Os
pais estão inquietos porque pensam que pode acontecer a qualquer pessoa. É um
traumatismo para a comunidade portuguesa, ainda que não espelhe uma realidade
daqui. Os portugueses convertidos ao Islão são muito poucos e isso não quer
dizer que se radicalizem», escreve a Lusa.
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