Portugal é o segundo país com o maior número de imigrantes com vínculo formal de trabalho no Brasil, com predominância de profissionais com educação superior completa e do sexo masculino. Estas são as conclusões do relatório doOBMigra, Observatório das Migrações Internacionais, divulgado nesta quarta-feira pelo Ministério do Trabalho brasileiro.
Segundo o documento, foram registados 12,572 trabalhadores portugueses em 2013, um crescimento de 8,76% em relação a 2012. Em termos de variação, o país apresenta um crescimento constante de quase 9%, valor também apresentado quando comparamos os 11,559 registos de 2012 com os 10,630 de 2011. Desta vaga de imigração, o fluxo de cidadãos lusos éessencialmente masculino: 8,661 contratos correspondem a homens, enquanto 3,911 pertenciam a mulheres.
Em relação à formação profissional dos imigrantes portugueses que estavam a trabalhar no Brasil em 2013, 41,4% possuíam educação superior completa, superando os 34,2% de cidadãos com Ensino médio completo. Ensino fundamental completo e educação superior incompleta tiveram uma participação reduzida, com 7,9% e 3,8% respetivamente.
Não existe um grupo ocupacional que concentre os portugueses que estão a trabalhar no país. Os profissionais das Ciências e das Artes correspondiam a 20,6% dos contratos de trabalho registados em 2013, enquanto os diretores e gerentes representavam 19.8%. Destacam-se ainda os trabalhadores de serviços administrativos e os trabalhadores do comércio em lojas e mercados, com participações de 16,9% e 15,3%.
O relatório avança ainda que em 2013 foram concedidas no Brasil 541 autorizações permanentes a cidadãos portugueses, dos quais 461 homens e 80 mulheres. Este número corresponde a um aumento de 40% em relação a 2011, quando foram registadas 325 autorizações.
Um crescimento global
Entre 2011 a 2013 o número de estrangeiros a crescer no Brasil cresceu 50,9%, o que corresponde a 120.056 contratos. Apesar do crescimento na procura de oportunidades de trabalho no Brasil, a emigração portuguesa sofreu nos últimos dez anos uma redução de 213 mil cidadãos no ano 2000 para cerca de 138 mil portugueses no ano 2010. Mesmo assim, em 2010 Portugal ainda era o país europeu com mais cidadãos a viver no Brasil, seguido, de longe, pelos 37 mil italianos radicados no Brasil e pelos 31 mil espanhóis.
De acordo com o relatório do OBMigra, o Haiti foi o país com a maior representação no mercado de trabalho brasileiro e também aquele com a maior taxa de crescimento, passando de 814 contratos em 2011 para 14.500 em 2013. O número permitiu ao país ultrapassar Portugal, que detinha o primeiro lugar em 2011 e 2012. As regiões mais procuradas pelos emigrantes para trabalhar no Brasil foram os estados do Sul e do Sudeste e as nacionalidades mais presentes até 2013 eram de países latino-americanos e caribenhos, especialmente Argentina, Bolívia e Paraguai.
Durante o Seminário Internacional Migrações e Mobilidade na América do Sul realizado na última quarta-feira, Manoel Dias, ministro do Trabalho e Emprego do Brasil, afirmou que o país "não tinha uma tradição de receber grandes imigrações, em especial a partir dos anos 1950. Isso mudou e hoje temos no campo da geração de empregos a maior projeção no estrangeiro". Para justificar o crescimento, explicou: "O Brasil tem sido procurado porque soube proteger o emprego contra a crise iniciada em 2008 e porque vivemos o pleno emprego, onde algumas atividades têm sido deixadas de lado pelos brasileiros".
Ver Observador, aqui.