De acordo com Rui Pena Pires, membro do Conselho Científico do Observatório de Emigração, a seguir aos países do espaço europeu tradicionalmente destino dos portugueses que escolhem viver fora de Portugal, o Reino Unido e a Espanha são aqueles que mais se têm destacado nos últimos anos.
Fora da Europa sobressai Angola, onde o número de emigrantes portugueses tem crescido significativamente, "mesmo antes desta crise económico-financeira", sublinha o investigador do Centro de Investigação e Estudos de Sociologia (CIES) do ISCTE.
"Mantém-se, também, alguma emigração significativa para os Estados Unidos, Canadá e França, mas muito abaixo dos valores que encontramos nos anos mais recentes", explica Rui Pena Pires.
O Observatório resulta de um acordo entre a Secretaria de Estado das Comunidades e o CIES do ISCTE formalizado em Maio de 2008, mas só em Janeiro deste ano começou a funcionar. Tem um custo anual de 75 mil euros e como missão o estudo dos fluxos emigratórios, a situação das comunidades portuguesas e a construção da história da emigração.
Nesta primeira fase, o objectivo é a recolha, organização e disponibilização dos dados existentes sobre a emigração portuguesa nos países da União Europeia, OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico), CPLP (Comunidade dos Países de Língua Portuguesa), Venezuela e África do Sul.
"O nosso objectivo não é dizer quantos emigrantes portugueses existem e se e quando o fizermos, será sempre por estimativa", alerta o investigador do CIES.
Rui Pena Pires adianta que esses dados estarão disponíveis brevemente num site a criar para o efeito, estando ainda a ser trabalhados. "Haverá, por país, fichas com dados sobre o número de estrangeiros com nacionalidade portuguesa segundo as estatísticas desses mesmos países, o total de pessoas estrangeiras a viverem lá, entre outros", exemplificou.
Uma das dificuldades com que os investigadores se estão a deparar é com a qualidade dos sistemas estatísticos, que varia muito de país para país, e os critérios utilizados. "O critério mais seguro para definir emigração é o da naturalidade, mas há países que utilizam o da nacionalidade", diz. "Se eu utilizar este critério, dificilmente encontrarei portugueses na África do Sul, por exemplo".
Angola Press, aqui, acedido em 22 de Maio de 2009.