São na imensa maioria residentes em França e os números divulgados pelos notários franceses apenas incluem os portugueses de nacionalidade única. Os que têm a dupla nacionalidade ou são franceses de origem portuguesa, que somam um total de algumas centenas de milhares de pessoas, foram contabilizados como franceses.
De acordo com os dados divulgados pela Câmara dos Notários de Paris, os portugueses representam 15,2% dos estrangeiros que mais casas adquiriram em toda a Ile-de-France (região parisiense) nos últimos anos. A percentagem aumenta consideravelmente - para 29% - se apenas forem contabilizadas as compras nos subúrbios de Paris, colocando-os largamente à frente dos italianos, chineses e residentes de outras nacionalidades. O preço médio do m2 nos arredores de Paris é de quatro mil euros, menos de metade do valor no centro da capital.
No entanto, nas transações dentro da cidade de Paris, os portugueses figuram em terceiro lugar, depois dos chineses. Em primeiro lugar figuram os italianos com 17% das compras efetuadas.
Segundo Thierry Delesalle, da direção da Câmara dos Notários parisienses, foram os estrangeiros que permitiram dar alguma vitalidade ao mercado do imobiliário na região parisiense, compensando uma baixa sensível das aquisições efetuadas por franceses. Em 2010, as compras de apartamentos e casas por estrangeiros em toda a Ile-de-France representavam 6,3% do total - hoje atingem 9,2%.
"Os compradores estrangeiros, 90% residentes, têm confiança na pedra francesa e nunca estiveram tão presentes no mercado como agora", acrescenta o notário de Paris. Na capital francesa, o preço médio de um alojamento é de 8.120 euros por m2, em baixa desde há dois anos. "Se esta tendência de baixa dos preços continuar, o m2 dentro da cidade deverá passar abaixo dos oito mil euros até ao fim do ano", indica Thierry Delesalle.
No primeiro semestre deste ano, foram vendidos 72.300 alojamentos na Ile-de-France, contra 70.500 no mesmo período, no ano anterior. Mesmo com esta progressão de dois por cento, Delesalle garante que "o mercado na região continua atónico".
Os portugueses que investem na pedra em França fazem-no essencialmente para ter habitação própria ou como investimento para alugar. Geralmente, têm também casa em Portugal, construída de raiz, há diversos anos, nas regiões de onde são naturais. Muito possuem igualmente apartamentos e casas para rendimento no nosso país.
Recorde-se que a grande vaga da emigração portuguesa para França aconteceu nos anos 1960/70, em condições miseráveis. Muitos viveram os primeiros anos em imensos bairros da lata da região parisiense. Hoje, visivelmente, vivem incomparavelmente melhor.
No entanto, coabitam agora com uma nova vaga de emigração portuguesa, que chega a Paris em situações idênticas às que os mais antigos conheceram há mais de 40 anos. Mas estes têm, pode dizer-se, um pouco mais de sorte porque são ajudados pelos emigrantes mais antigos, que os apoiam quer em alojamento para os primeiros tempos, quer na procura de trabalho.
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