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O fado e a identidade portuguesa
2013-10-15

José Tadeu Arantes, da

São Paulo - Em um mundo onde milhões de pessoas vivem fora de seus países de origem, a música constitui um poderoso fator identitário, que ajuda a resgatar identidades perdidas ou a construir novas identidades. Isso é especialmente verdadeiro em relação àquela que poderia ser chamada de canção do exílio, da emigração, do nomadismo ou da diáspora.

Ao longo de décadas, por exemplo, o fado permitiu que milhares de emigrantes se reconhecessem como portugueses e que seus filhos e netos, nascidos fora de Portugal, recuperassem uma raiz havia muito secionada. Habitantes dos países que os acolheram, muitos sem nenhuma ascendência portuguesa, eventualmente se identificaram com esse gênero musical, elevado em 2011 à categoria de "Patrimônio Oral e Imaterial da Humanidade" pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco).

Recém-publicado com o apoio da FAPESP, o livro Trago o fado nos sentidos é uma porta para ingressar no mundo dos admiradores e conhecedores dessa canção carregada de reminiscência e nostalgia.

Organizado por Heloísa de Araújo Duarte Valente, professora colaboradora do Programa de Pós-Graduação em Música da Universidade de São Paulo (USP) e professora titular no Programa de Pós-Graduação em Comunicação e Cultura Midiática da Universidade Paulista (Unip), o livro reúne artigos de vários pesquisadores e é produto do intercâmbio internacional entre o Centro de Estudos em Música e Mídia (MusiMid), vinculado ao Programa de Pós-Graduação em Música da Escola de Comunicações e Artes (ECA) da USP, e o Instituto de Etnomusicologia - Centro de Estudos em Música e Dança (Inet-MD), Polo Universitário de Aveiro, em Portugal.

No prefácio do livro, Martha Tupinambá de Ulhôa, professora titular da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio) e membro do Conselho Superior da Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj), enfatiza a função identitária do fado.

"O fado foi o elo que permitiu a milhares de imigrantes portugueses no Brasil se verem como portugueses, e não agricultores ou pescadores de localidades isoladas e rurais. Em Portugal, a maioria dessas pessoas desconhecia o fado; só ao chegar ao Brasil e ter acesso aos programas de rádio dedicados ao gênero musical d'além-mar, redescobriu Portugal enquanto pátria a cantar e a sentir uma saudade nostálgica", escreveu.

Exame, aqui.

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