Lisboa, 14 ago 2013 (Ecclesia) - A Igreja Católica dedica esta semana às migrações, aos portugueses que procuram outros destinos com mais oportunidades e aos imigrantes que se encontram em Portugal, promovendo um olhar "positivo" e de esperança sobre esta realidade.
"Queremos refletir para o lado positivo das migrações, olharmos para o migrante como alguém que tem esperança e que parte com a esperança de uma vida melhor", revela Eugénia Quaresma, da Obra Católica Portuguesa das Migrações (OCPM), em declarações ao Programa ECCLESIA (RTP2).
Até ao próximo domingo, a Igreja promove a 41ª Semana Nacional de Migrações com o lema ‘Migrações, Peregrinação de Fé e de Esperança' e propõe que todos se sensibilizem para esta temática.
Durante este período existem várias iniciativas nas dioceses e paróquias de Portugal que têm o objetivo de apresentar o migrante como alguém que é portador e transmissor de fé.
"Não queremos que olhem para o migrante como alguém que passa necessidades sociais de habitação, alimentação, vestuário mas como um agente de evangelização", explicou Eugénia Quaresma.
Entrevista com Eugénia Quaresma e Pe.Delmar Barreiros |
Para o padre Delmar Barreiros, diretor do Serviço de Mobilidade Humana do Patriarcado de Lisboa, a ligação dos emigrantes portugueses a Fátima "está sempre presente" mesmo antes de "partirem" e quando regressam "veem de propósito ao Santuário".
Uma religiosidade popular que o Papa Francisco assinalou como sendo um tesouro da Igreja e que os cristãos portugueses assimilaram e absorveram "nas raízes", na família e nas comunidades paroquiais.
O sacerdote assinala que nos diversos países que visitou esta crença, "talvez a maior riqueza que eles (emigrantes) tinham", animou, dinamizou e aumentou a vivência real da fé.
"É uma semente que levaram e não abafou, antes pelo contrário está a dar fruto lá e cá", acrescentou.
Esta fé não "é uma questão de falta de raciocínio ou irracional", explica o padre Delmar, porque nos momentos de angústia todos procuram soluções e os emigrantes têm a presença de Deus na sua vida que "nunca lhes faltou".
O atual momento de crise financeira, segundo Eugénia Quaresma, é o motivo pelo qual as pessoas são "impelidas a sair", para procurarem emprego, algo que não é restrito a Portugal mas "está espalhado por toda a Europa".
A falta de oportunidades obriga a Obra Católica Portuguesa das Migrações a ser criativa e "a procurar no empreendedorismo uma resposta positiva e outras respostas, como recuperar caminhos deixados para trás".
O padre Delmar Barreiros, por sua vez, destaca que este momento é diferente do vivido nos anos 60 do século passado, porque "os portugueses partem com melhores qualificações" e nem sempre vão "ao acaso".
A OCPM tem recebido mais pedidos de ajuda de pessoas que não conseguem vistos de residência e por isso mesmo que encontrem trabalho não o podem aceitar: "O mecanismo está de tal forma que dificulta o empregador e a pessoa que procura emprego", assinala Eugénia Quaresma.
Segundo o padre Delmar Barreiros, esta situação afeta tanto os portugueses como os imigrantes e não pode haver diferenciação porque a "quem tiver documentação não pode ser negado emprego".
Hoje, segundo os dados que dispõe, depois de grandes vagas de imigração e algumas diminuições são cerca de 500 mil os imigrantes em Portugal - na área do Patriarcado está "praticamente" metade desse número - e "os ilegais não são tantos, porque já não arriscam".
PR/CB/OC
Agência Ecclesia, aqui.