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Academias da Espetada querem mudar paradigmas que afectam portugueses na Venezuela
2013-08-11

As Academias da Espetada, organizações sem fins lucrativos, promovidas por mulheres de origem portuguesa na Venezuela, querem mudar paradigmas que afetam a comunidade, como o negativismo, a baixa autoestima e a pouca dedicação à família.

"São paradigmas, essas tradições e esses 'nãos' [perspetivas negativas] que o 'nosso' português tem na cabeça. É uma coisa que trazemos de meninos, os medos que os nossos pais nos transferiram e que estamos a carregar, uma dessas coisas da nossa comunidade que sentimos que devemos mudar", disse à agência Lusa Ana Maria de Abreu, presidente da Academia da Espetada de Maracay, a "academia mãe" - a primeira - das quatro existentes no país.

As Academias da Espetada são organizações sem fins lucrativos, que apoiam programas de apoio à comunidade portuguesa, em particular a mulheres, crianças e adolescentes.

Ana Maria de Abreu falava à margem do 2.º Congresso das Academias da Espetada, que se realizou em Maracay, cidade a 110 quilómetros a oeste da capital venezuelana, no qual participaram meia centena de mulheres, assinalando a abertura das comemorações do 10.º aniversário da fundação da Academia da Espetada Mãe, de Maracay.

"O dia-a-dia está contaminado com problemas na nossa vida, dos nossos trabalhos, dos negócios e da família", disse Ana Maria de Abreu. O emigrante português, na Venezuela, "com aquela necessidade que tinha de melhorar" as condições de vida para si e para a família que ficou em Portugal, "teve de se dedicar cem por cento ao trabalho e são poucos os que têm meditado e mudado o seu pensamento", disse.

Para a presidente da Academia de Maracay, é importante que os portugueses equilibrem o tempo e o trabalho e a convivência familiar, "que aprendam a querer-se a si mesmos", que arranjem "tempo para si, para desfrutar [a família, a vida] e para a sua saúde, porque só quando estão doentes é que vão ao médico".

O congresso reuniu representantes das academias da Espetada de Maracay, Caracas, Barquisimeto e Guayana, e debateu questões relacionadas com emigrantes portugueses carenciados, na Venezuela.

A Academia da Espetada Mãe - a Academia de Maracay - surgiu há 10 anos, devido à "necessidade de ter um espaço para a mulher", lembrou Ana Maria de Abreu. A Academia realiza tertúlias mensais, de caráter social e cultural, dedicando uma atenção particular a obras de beneficência - um conjunto de "atividades que são muitos importantes", frisou Ana Maria de Abreu.

No caso de Maracay, a Academia mobiliza de 100 a 120 mulheres, numa base regular, entre 800 colaboradoras, que mantêm uma atividade mais pontual.

Diário de Notícias da Madeira, aqui.

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