Exemplificando com o caso da emigração espanhola para os países da América Latina, o artigo refere que, desde 2011, 2% da população portuguesa (mais de 240 mil pessoas) decidiu emigrar. Um dos destinos de eleição é Angola, "uma economia rica em petróleo e diamantes", ex-colónia portuguesa "que emergiu de uma guerra civil brutal para se tornar numa das sociedades africanas mais ricas mas também mais desiguais".
Atualmente, vivem em Angola 100 mil portugueses, grande parte deles na capital, Luanda, "uma das cidades mais caras do mundo". Mas a tendência não conhece apenas um sentido: em Portugal há também cada vez mais investimento angolano, sobretudo nos setores da banca, telecomunicações e mídia. Um fenómeno que a revista classifica de "reverso do colonialismo", citando a música do rapper Valete sobre a austeridade, o colapso da União Europeia e a necessidade de voltar para Luanda.
O artigo fala ainda do aumento das remessas enviadas pelos emigrantes para os familiares no país de origem. Citando informações do Banco Mundial, a revista escreve que "as que vão do Brasil para Portugal são muito superiores ao movimento inverso", tal como acontece entre o México e Espanha.
Ambos os países destino das nações ibéricas revelam atualmente carência de trabalhadores qualificados. "De acordo com a Economist, 71% dos empregadores brasileiros debatem-se com dificuldades para preencher os seus quadros", nota a revista. Talvez a oportunidade atual esteja condenada a desaparecer, quando os governos locais encontrarem soluções internas, "diminuindo assim as oportunidades para quem chega da Península Ibérica". Mas até lá, uma coisa parece certa: milhares de portugueses e espanhóis vão fazer as malas e partir.
Dinheiro Vivo, aqui.