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Emigrantes portugueses fazem balanço negativo de primeiro ano de Hollande
2013-05-04

Um ano depois da eleição do presidente francês, François Hollande, emigrantes portugueses ouvidos pela Lusa fazem um balanço "muito negativo" em quase todos os aspectos, e acreditam que "Hollande não ficará muito tempo no poder".

Jorge Ferreira tem 45 anos, está em França desde os sete e defende que "este primeiro ano foi uma catástrofe sob todos os pontos de vista", considerando que "François Hollande tinha que se ter aproximado mais da Alemanha, que em termos económicos dirige a Europa".

Quanto à segurança, considera que o atual presidente francês também não tem sido bem sucedido: "Nunca vimos um aumento tão grande de criminalidade, demasiados assaltos. Coisas que não tínhamos visto nos últimos sete anos", acrescentou.

"O Governo atual é um Governo jovem e sem experiência. Não são 'guerreiros', como Sarkozy e seus ministros, que lutaram e puseram a França num bom caminho", sublinhou.

Jorge Ferreira considera a eleição de Hollande um "erro de 'casting'" de um povo que "queria mudança".

Elisabete Domingos, de 43 anos, vive em França há oito e considera que a medida mais polémica do presidente tem que ver com "o imposto dos 75% sobre a fortuna".

"O país não vive só com pobres, os ricos fazem cá falta. O dinheiro deles circula no país e dá emprego a muita gente", apontou.

Elisabete alerta para "uma emigração de uma classe superior" que "faz falta a França". "Se os ricos forem embora onde é que nós, portugueses emigrantes que trabalhamos em casa das pessoas, onde é que vamos arranjar trabalho?", interroga.

Considera que "o poder de compra está a acabar" e teme que o país que a acolhe siga pelo mesmo caminho que Portugal: "Este Governo está a afundar a França, como aconteceu em Portugal ou na Grécia, e a França não está muito longe".

"Se este Governo não for abaixo a França vai correr grandes riscos. Já atingiu os maiores níveis de desemprego dos últimos quarenta anos. O que está a acontecer é exatamente o que aconteceu a Portugal: desemprego e emigração", salientou.

A emigrante portuguesa considera que o Governo de Hollande "não trouxe segurança" à população.

"Quem votou em Hollande foram aquelas pessoas a quem ele prometeu que ia aumentar o RMI [Rendimento Mínimo], aquelas pessoas que não trabalham, que têm cinco filhos e a quem ele prometeu que ia aumentar as alocações familiares. Só que as pessoas que não querem trabalhar ganham qualidade de vida e as que trabalham perdem", lamentou.

Filipe Silva tem 26 anos e está em França há um ano e sete meses. Faz "um balanço médio, nem muito positivo nem negativo".

"Como se encontra a Europa não se podem fazer grandes milagres e muito menos grandes agrados à população no geral", disse, indicando que Hollande fez algumas promessas que não cumpriu.

Filipe aplaude a medida em que Hollande reduziu "o seu próprio salário, o número de ministros e a quantidade de viaturas disponíveis para o Governo".

"Faz sentir à população, no geral, que não estão a passar a crise sozinhos, que eles também fazem alguns sacrifícios. Já em Portugal não é bem assim".

O jovem emigrante considera no entanto que o aumento da taxa sobre horas extraordinárias pode afetar a prioridade, com os trabalhadores a não quererem "fazer horas extra ou trabalhar dias excepcionais para mais tarde não levarem um 'tombo' na altura dos impostos".

"Além disso, a taxa aplicada a salários acima de certo valor fez com que os grandes patrões fechassem as suas empresas em França e abrissem noutro país, o que poderá ser prejudicial para a França".

"Estas foram as medidas que mais me tocaram e por isso faço um balanço médio, até porque, como já disse, não acho que ele tenha grande margem de manobra devido ao que se passa na Europa", conclui.

François Hollande foi eleito presidente da República francesa a 06 de maio de 2012, na segunda volta das eleições presidenciais.

*Este artigo foi escrito ao abrigo do novo acordo ortográfico

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