O secretário de Estado das Comunidades revelou esta sexta-feira
«problemas graves» de inserção e reconversão profissional de emigrantes
devido ao desconhecimento da língua do país de destino, nomeadamente no
Luxemburgo, onde os portugueses representam um terço dos desempregados.
«Dos
cerca de 16 a 17 mil desempregados no Luxemburgo, seis mil são
portugueses e não conseguem fazer a reconversão profissional. Têm de
entrar nos cursos de formação profissional e para isso têm de falar
francês e não falam. São questões novas, que não tínhamos», observou
José Cesário, em declarações aos jornalistas no Porto, onde participou
no 1.º Congresso Empresarial Luso-Francês.
O governante diz estar
fora de causa um reforço de verbas para responder a esta nova
necessidade, pelo que a secretaria de Estado tem de se socorrer do meio
milhão de euros destinados ao «apoio ao associativismo» e encontrar
forma ajudar os portugueses lá fora a aprender as línguas locais através
da colaboração com «instituições locais».
«Temos problemas
graves em alguns países - de inserção, reconversão ou de insucesso
escolar porque não há comunicação em algumas línguas, nomeadamente no
francês. Funcionamos em parcerias com comunidades locais e em algumas
estamos já a pôr de pé projetos que procuram atingir esse objetivo»,
descreveu José Cesário.
Exemplo disso é o Luxemburgo, onde «um
terço dos desempregados é português ou de origem portuguesa» e em cujo
sistema escolar «entraram este ano mais de 500 crianças com extrema
dificuldade de inserção» e de obter sucesso escolar.
«Estamos a procurar ajudá-los a aprender a língua local mais acessível que é o francês», explicou o secretário de Estado.
A secretaria de Estado admite estender este apoio a outras comunidades, até porque esta é «uma questão nova».
«Em
2008/2009 emigravam mais portugueses porque havia mais empregos. Hoje
há mais candidatos a emigrar mas há menos pessoas a conseguirem
colocação. Até hoje qualquer pessoa arranjava trabalho, bastava querer e
trabalhava-se nas obras, nas limpezas ou a lavar pratos num
restaurante. A questão da língua colocava-se menos», justificou.
Embora
já funcionasse como limitador de «acesso a lugares mais qualificados» a
língua ganha agora importância redobrada perante a existência de «muito
menos empregos e muita mais procura», acrescentou.
«Numa altura
em que o mercado de trabalho está saturado, particularmente na Europa, é
evidente que estão a colocar-se questões que não se colocavam», notou
José Cesário.
O que a secretaria de Estado pode fazer perante
este cenário é, alerta o governante, fazer «parcerias», procurando
«respostas concretas locais trabalhando com instituições locais».
tvi24, aqui.