O cônsul geral de Portugal em Caracas, Paulo Santos, exortou sábado a
comunidade portuguesa na Venezuela a melhorar a autoestima e a acreditar
na qualidade daquilo que fazem, como um modo de se afirmar ainda mais
na sociedade venezuelana.
"Falta melhorar aquilo que é a autoestima e os portugueses da Venezuela
acreditarem que aquilo que é feito pelos seus em princípio vai ser mesmo
muito bom", disse.
Paulo Santos falava durante o II Congresso sobre a Infância
Luso-venezuelana, uma iniciativa do Consulado de Portugal e da Academia
da Espetada de Caracas, que serviu para debater temas como o nascimento e
desenvolvimento das crianças, manifestações de alarme, autismo, o
bullying, os cursos de língua portuguesa e a orientação espiritual da
família.
Em declarações à agência Lusa explicou que é preciso "provocar uma
reflexão" sobre a autoestima de uma comunidade que "trazia umas raízes
bastante humildes, mas que se foi desenvolvendo ao longo destas décadas,
foram crescendo em todo os sentidos e também no intelectual".
Sublinhando que o congresso foi "uma prova muito inequívoca disso",
vincou que é preciso "passar para a comunidade portuguesa, essa
confiança de que nos devíamos orgulhar muito da sua qualidade
intelectual".
No seu entender, no sentido geral da palavra, "a sociedade venezuelana,
conseguiu evoluir mais depressa do que os próprios portugueses e como
observador externo já entendeu, há muito tempo, esta mais-valia da
comunidade portuguesa que têm aqui no país, e que ela contribui muito
para o desenvolvimento sobretudo no económico".
"O trabalho principal a fazer é mesmo junto dos nossos e não tanto dos
venezuelanos, porque daquilo que me vão transmitindo, há muito tempo que
perceberam realmente o grande valor da comunidade portuguesa, não só
porque contribui muito, mas porque de uma forma mais espontânea e
natural se soube integrar, despida de presunções estranhas e consegui se
mimetizar sendo difícil às vezes perceber quem é português", disse.
Segundo o diplomata "os portugueses têm de acreditar nas suas
potencialidades e projetar-se na proporção daquilo que são capazes de
fazer", o que lhes dará em troca que "vão ser ainda mais respeitados".
"Quem tem autoestima projeta isso para os outros interlocutores e
portanto na medida em que a comunidade portuguesa acredite em si própria
e comece a funcionar com base nessa perceção vai projetar-se duma forma
diferente e mais convincente junto dos venezuelanos e poder desempenhar
o papel que merece nesta sociedade, não só pela quantidade de pessoas
que somos, mas também pela qualidade, o que sempre corresponderia a uma
posição de maior influência nesta sociedade", concluiu.
Jornal da Madeira, aqui.