Por Vanessa Cruz
Diana Alves tem 25 anos. Há cinco que vive entre a Alemanha e o
Luxemburgo, onde trabalha como jornalista. No início, não foi fácil,
sobretudo pela confusão dos idiomas. Hoje é uma mulher independente, que
faz o que gosta. Leia o seu testemunho:
Aprender a língua do país. Se pudesse, faria desta a regra número 1 para quem vai emigrar para um país onde o idioma é diferente.
Vivo
na Alemanha há quase cinco anos e ainda sofro as consequências do «Do
you speak english? Yes? Great!». Uma facilidade que arrastei por
demasiado tempo.
Tenho 25 anos e sou formada em jornalismo,
curso que terminei em 2008. Curso acabado, canudo na mão e pouca
experiência na bagagem. Foi assim que, nesse ano, deixei Portugal.
Apesar do desemprego já ser uma realidade bem presente na altura, a
crise ainda não era o tema de todas as conversas. Não abandonei o meu
país por não encontrar emprego (porque nem cheguei a procurar), mas já
saí zangada com Portugal. Sem grandes perspectivas, mal formada e
impreparada para o que quer que fosse.
Vim aterrar na Alemanha, com um estágio remunerado à minha espera numa estação de rádio no Luxemburgo.
Alemanha? Luxemburgo? Sim. Uma confusão.
Vivo na Alemanha, perto da fronteira com o Luxemburgo, onde trabalho.
Sou aquilo a que se chama um trabalhador transfronteiriço.
No dia-a-dia, lido com várias línguas.
Alemão, francês, luxemburguês, inglês e português. Uma dor de cabeça e,
mais uma vez, uma confusão. No francês e no inglês, sou fluente.
Alemão, falo. Luxemburguês, arranho.
Para quem pretende vir para o
Luxemburgo, não adianta vir sem uma das línguas do país (francês,
luxemburguês ou alemão). Sem pelo menos o francês, dificilmente se
arranjará emprego. O ideal é fazer cursos antes de vir. Chegar a um
país, ter de procurar casa, emprego e ainda ter de aprender três línguas
não é tarefa fácil. Garanto.
Antes de emigrar, já dominava o
francês e o inglês. Depois, fui aprendendo o alemão. Hoje tenho um bom
nível de compreensão oral e leio o jornal sem grandes problemas. Falar é
mais complicado. Não pratico muito. Com os amigos alemães falo
sobretudo em inglês. Péssima ideia. Mas atenção, faça o que eu digo e
não o que eu faço. A melhor forma de aprender é falando. Falar, falar,
falar. Por isso, ao instalar-se na Alemanha, Luxemburgo, ou outro país,
não se deixe levar pela universalidade do inglês. Só lhe dificultará a
vida.
Por esta altura, já é pouco natural mudar de idioma com os
amigos, mas no supermercado, nos correios e em qualquer administração
pública, falo o meu alemão meio verde e carregado de sotaque português.
Quando cometo erros de gramática e me apercebo disso, começo a
transpirar. Se o meu interlocutor faz cara feia por não perceber a minha
pronúncia, transpiro ainda mais. Se há coisa que aprendi é que nem
todos os povos são como o português, que se derrete ao ouvir uma palavra
portuguesa dita com um sotaquezinho estrangeiro. Os de cá dizem-me que
são coisas da minha cabeça, mas é esta a leitura que faço.
Mais
de 100 mil portugueses vivem no Grão-Ducado do Luxemburgo. Cerca de 17%
da população total do país. Eu faço parte desse grupo que é a comunidade
portuguesa do Luxemburgo, com as vantagens e desvantagens que isso
possa acarretar.
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