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Portuguesa, emigrante em dois países: «Casa? Já não sei onde é»
2013-04-22
Diana Alves vive há cinco anos entre a Alemanha e o Luxemburgo. Não chegou a procurar trabalho cá, mas saiu zangada com o país

Por Vanessa Cruz
Diana Alves tem 25 anos. Há cinco que vive entre a Alemanha e o Luxemburgo, onde trabalha como jornalista. No início, não foi fácil, sobretudo pela confusão dos idiomas. Hoje é uma mulher independente, que faz o que gosta. Leia o seu testemunho:

Aprender a língua do país. Se pudesse, faria desta a regra número 1 para quem vai emigrar para um país onde o idioma é diferente.

Vivo na Alemanha há quase cinco anos e ainda sofro as consequências do «Do you speak english? Yes? Great!». Uma facilidade que arrastei por demasiado tempo.

Tenho 25 anos e sou formada em jornalismo, curso que terminei em 2008. Curso acabado, canudo na mão e pouca experiência na bagagem. Foi assim que, nesse ano, deixei Portugal. Apesar do desemprego já ser uma realidade bem presente na altura, a crise ainda não era o tema de todas as conversas. Não abandonei o meu país por não encontrar emprego (porque nem cheguei a procurar), mas já saí zangada com Portugal. Sem grandes perspectivas, mal formada e impreparada para o que quer que fosse.

Vim aterrar na Alemanha, com um estágio remunerado à minha espera numa estação de rádio no Luxemburgo.

Alemanha? Luxemburgo? Sim. Uma confusão. Vivo na Alemanha, perto da fronteira com o Luxemburgo, onde trabalho. Sou aquilo a que se chama um trabalhador transfronteiriço.

No dia-a-dia, lido com várias línguas. Alemão, francês, luxemburguês, inglês e português. Uma dor de cabeça e, mais uma vez, uma confusão. No francês e no inglês, sou fluente. Alemão, falo. Luxemburguês, arranho.

Para quem pretende vir para o Luxemburgo, não adianta vir sem uma das línguas do país (francês, luxemburguês ou alemão). Sem pelo menos o francês, dificilmente se arranjará emprego. O ideal é fazer cursos antes de vir. Chegar a um país, ter de procurar casa, emprego e ainda ter de aprender três línguas não é tarefa fácil. Garanto.

Antes de emigrar, já dominava o francês e o inglês. Depois, fui aprendendo o alemão. Hoje tenho um bom nível de compreensão oral e leio o jornal sem grandes problemas. Falar é mais complicado. Não pratico muito. Com os amigos alemães falo sobretudo em inglês. Péssima ideia. Mas atenção, faça o que eu digo e não o que eu faço. A melhor forma de aprender é falando. Falar, falar, falar. Por isso, ao instalar-se na Alemanha, Luxemburgo, ou outro país, não se deixe levar pela universalidade do inglês. Só lhe dificultará a vida.

Por esta altura, já é pouco natural mudar de idioma com os amigos, mas no supermercado, nos correios e em qualquer administração pública, falo o meu alemão meio verde e carregado de sotaque português. Quando cometo erros de gramática e me apercebo disso, começo a transpirar. Se o meu interlocutor faz cara feia por não perceber a minha pronúncia, transpiro ainda mais. Se há coisa que aprendi é que nem todos os povos são como o português, que se derrete ao ouvir uma palavra portuguesa dita com um sotaquezinho estrangeiro. Os de cá dizem-me que são coisas da minha cabeça, mas é esta a leitura que faço.

Mais de 100 mil portugueses vivem no Grão-Ducado do Luxemburgo. Cerca de 17% da população total do país. Eu faço parte desse grupo que é a comunidade portuguesa do Luxemburgo, com as vantagens e desvantagens que isso possa acarretar.

Continue a ler o testemunho de Diana aqui

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