"Em termos económicos, a emigração voltou a ter um significado muito importante para Portugal (...). Nunca a banca esteve tão sensível para o mercado externo como hoje, nomeadamente para as comunidades. Nunca tive tantos desafios [da banca] para termos iniciativas conjuntas como agora", disse José Cesário.
O governante adiantou que muitas dessas iniciativas estão já a ser concretizadas, dando como exemplo um encontro de empresários emigrantes de vários setores, a realizar no final do mês, em Viseu, e que envolve vários bancos portugueses.
Para o titular da pasta da Emigração, que falava aos jornalistas à margem de um encontro que hoje decorre em Lisboa sobre os desafios comuns das emigrações portuguesa e polaca, "este é um sinal da atenção" da sociedade portuguesa à diáspora.
Durante a sua intervenção no encontro, organizado pela embaixada da Polónia em Lisboa e pelo Centro das Migrações da Universidade Aberta (CEMRI), José Cesário adiantou que a sociedade portuguesa começa a discutir "sem receio ou vergonha" as questões da emigração, considerando que não faz sentido desligar o futuro de Portugal desta realidade.
Para o secretário de Estado, os cerca de cinco milhões de portugueses residentes no estrangeiro são "indissociáveis de qualquer reflexão sobre o que Portugal é e o que quer ser", considerando que contrariar essa realidade "é contrariar os próprios interesses do país".
Por isso, defendeu Cesário, "é indispensável um movimento global de aproximação da sociedade às comunidades portuguesas" que junte Governo, autarquias, universidades, empresas e comunicação social.
O embaixador da Polónia em Portugal, Bronislaw Mitzal, considerou, por seu lado, em declarações à agência Lusa, que a emigração é um dos "principais problemas sociais da Europa e do mundo" na atualidade.
"O século XXI vai ser um novo século da emigração. Assistiremos a grandes pressões das populações de África - o que é muito importante para Portugal - sobre a Europa e os Estados Unidos e a grande questão é saber se os países recetores vão continuar abertos ou fechar [as fronteiras], se os cidadãos serão aceites ou deportados", questionou.
Bronislaw Mitzal explicou que os emigrantes polacos são qualificados e adaptam-se com facilidade nos países para onde vão, adiantando que um milhão de polacos vivem no Reino Unido, 400 mil na Irlanda e um "número considerável" na Holanda.
Em Portugal, a comunidade polaca resume-se a cerca de 400 pessoas, sobretudo músicos, pintores e intelectuais.
Quanto aos portugueses na Polónia, são, segundo o embaixador, quadros que "seguem a expansão dos investimentos portugueses no estrangeiro", que acabam por regressar a Portugal muitas vezes casados com cidadãs polacas.
Também presente no encontro, o ex-comissário europeu António Vitorino sublinhou a importância do reforço da liberdade de circulação na Europa, rejeitando a "tese catastrofista" associada à emigração de diplomados.
"Prefiro diplomados empregados e felizes no estrangeiro a diplomados desempregados e tristes em Portugal", disse António Vitorino, considerando que os quadros que agora emigram mais cedo ou mais tarde regressarão para "acrescentar valor" ao país.
Ainda assim, considerou que não faz sentido existir "uma política de Estado a incentivar à emigração".
Dinheiro Digital com Lusa, aqui.