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Nova emigração portuguesa está a gerar degradação laboral
2013-03-12

Carlos Trindade, responsável pelas Relações Internacionais da Confederação Geral de Trabalhadores Portugueses (CGTP), afirmou à Lusa, que em países como a Suíça, França, Luxemburgo ou Reino Unido a falta de oportunidades de trabalho para os que chegam é cada vez mais visível.
Isto porque a nova vaga de emigração para a Europa está a contribuir para o reforço da pressão sobre os mercados laborais, gerando crescentes níveis de desemprego, degradação das condições laborais e até atitudes de rejeição das comunidades portuguesas, alerta o sindicalista. Para ultrapassar estas dificuldades os recém-chegados aceitam trabalhar por condições abaixo das estipuladas, suscitando reações negativas das sociedades de acolhimento.
"Ao aceitarem condições abaixo dos mínimos estabelecidos levantam, não apenas na população do país de acolhimento, como também nas comunidades [portuguesas] que estão lá há 20 ou 30 anos fenómenos de rejeição", sublinha. O sindicalista reconhece que as comunidades instaladas servem em grande medida de rede de apoio aos novos emigrantes.
Marília Mendes, responsável pelo grupo de trabalhadores portugueses no maior sindicato suíço, o UNIA, sublinhou à Lusa que, além de portugueses, chegam à Suíça trabalhadores de muitas outras nacionalidades, um excesso de oferta que acaba por se refletir nos salários. "Os salários estão estagnados", diz, adiantando que dos 25 mil trabalhadores portugueses sindicalizados no UNIA, a maioria trabalha nas áreas da construção civil, hotelaria e restauração e limpezas.
A sindicalista adianta que à margem da legislação laboral têm vindo a ser descobertos casos "absolutamente escandalosos" de exploração laboral em que os salários não são pagos ou os trabalhadores recebem muito menos do que o salário mínimo.
Também ao Luxemburgo continuam a chegar diariamente portugueses e os pedidos de informações sobre como encontrar trabalho no Grão-Ducado são constantes, segundo Eduardo Dias, do sindicato Luxemburguês OGBL. O sindicalista adianta que os níveis de desemprego se mantém entre os portugueses, que representam cerca de 35 por cento dos desempregados no Luxemburgo, explicando que são "frequentes os casos" de pessoas que não conseguem encontrar trabalho.
Eduardo Dias adianta que também no Luxemburgo há casos de exploração laboral, que envolvem sobretudo trabalhadores deslocados. "Essas situações acontecem muito mais no destacamento ou seja empresas que vêm (de Portugal) até ao Luxemburgo fazer trabalhos durante alguns meses e que pagam salários muito inferiores aos previstos pela lei e pelas convenções coletivas", disse, adiantando que o fenómeno se agravou com a crise.
Entre janeiro e novembro de 2012, entraram na à Suíça 17.270 portugueses, segundo dados das autoridades suíças. A comunidade portuguesa no Luxemburgo está estimada em cerca de 110 mil pessoas, cerca de 20 por cento da população total do país.

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