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Quase metade dos habitantes de uma ilha paradisíaca são portugueses
2013-02-09
A ilha de S. Bartolomeu, nas Caraíbas, é cada vez mais um feudo da emigração portuguesa. Licenciados e desempregados começam uma vida nova na praia, a trabalhar para os turistas milionários. E não querem voltar.

"A comemoração da revolução do 25 de abril junta mais gente aqui nas Caraíbas do que em muitas terras em Portugal", diz Vera Coelho Morgado, 28 anos, natural de Areias de Vilar, em Barcelos, há mais de dez anos a viver na ilha de S. Bartolomeu, nas Caraíbas. Na pequena ilha de St. Barts (como é conhecida) vivem cerca de oito mil pessoas. Três mil são portugueses, oriundos do Norte de Portugal, sobretudo de Braga, Guimarães, Barcelos e Monção.

A família de Vera está toda na ilha onde os termómetros não descem abaixo dos 27 graus. Primeiro foi o pai. Depois a mãe e, logo a seguir, Vera, o marido e o irmão. Agora a terceira geração da família (com 13 e 6 anos) frequenta a escola da ilha, tem uma hora de português uma vez por semana, mas não quer vir para Portugal. "Nós até temos medo de ir de férias para Portugal. Não consigo imaginar como é que as famílias conseguem viver com os salários portugueses", afirma.

Sem Consulado português em S. Bartolomeu (os emigrantes dependem da Embaixada portuguesa em Paris), aos poucos, a comunidade vai-se organizando. A equipa portuguesa de futebol já esteve em primeiro lugar na classificação local. Juntamente com outras pessoas não nascidas na ilha, três portugueses formaram uma lista candidata à Câmara de S. Bartolomeu. "Não aceitaram a lista. Arranjaram umas desculpas esfarrapadas e nem sequer nos deixaram ir a votos", insurge-se Vera Morgado.

A Associação Desportiva e Cultural Portuguesa de S. Bartolomeu foi a grande responsável por dinamizar e incentivar os emigrantes portugueses a participarem nas atividades da ilha. A festa do 25 de Abril, o S. João e o S. Martinho são as únicas festas tradicionalmente portuguesas que se celebram. É ainda esta associação que ajuda a tratar de questões legais, documentos e até a trasladação de corpos para Portugal.

Doutores e engenheiros

Se os primeiros emigrantes para a ilha francesa eram pessoas com pouca formação, desde há alguns anos que tudo se alterou. Antigos jogadores de futebol, engenheiros nas mais diversas áreas, advogados e enfermeiras compõem o rol dos novos emigrantes. "O maior problema é arranjar casa porque numa ilha há poucas habitações e um estúdio, só com uma divisão, custa 1500 euros/mês de renda", conta Marisa Oliveira, 32 anos, antiga florista em Famalicão.

Os salários, a praia e as gorjetas deixadas pelos clientes milionários nas casas, hotéis e barcos ajudam a matar as saudades.

Um trabalhador na construção civil tem um salário base que ronda os 2500 euros. Uma empregada de limpeza ganha, em média, 15 euros por hora. A nova geração de emigrantes, muitos deles fluentes na língua francesa e inglesa, assumem funções de supervisão em vilas turísticas e hotéis. As mulheres estão cada vez em maior número na receção dos turistas e a trabalhar em clínicas, hospitais e lojas.

O turismo, sobretudo composto por famílias russas, americanas e brasileiras está em crescimento na ilha. As famílias judias são conhecidas pelas enormes gorjetas que dão às empregadas domésticas. No final da estadia, deixam cerca de 500 euros para cada uma das funcionárias.

Jornal de Notícias, aqui.

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