"A língua escrita e falada não é exactamente a mesma. A prática deve opor-se ao orgulho e deve aprender-se a língua como é falada aqui", disse Rodrigo Tavares, que é português, no seminário "Os Portugueses no Brasil - Novos Desafios", realizado hojeem São Paulo.
Rodrigo Tavares defendeu ainda que é igualmente importante que os emigrantes aprendam a ser mais informais, lembrando que, no Brasil, informalidade não é sinónimo de confiança.
Para o director da Martifer Brasil, Francisco Santos, é necessário que os emigrantes que queiram trabalhar no país tentem entendê-lo no contexto das diferenças culturais e económicas regionais.
"Em Portugal olhávamos para o Brasil como uma unidade única, mas esse Brasil não existe", disse Francisco Santos, que está no país há dois anos.
O cônsul-geral de Portugalem São Paulo, Paulo Lourenço, afirmou que os emigrantes precisam de "fazer os trabalhos de casa", conhecendo a realidade do mercado para a sua área e realizando contactos com empresas locais antes de viajarem em busca de uma colocação.
Duas emigrantes presentes no seminário relataram dificuldades burocráticas de entrada no mercado de trabalho brasileiro.
"Sem visto não há trabalho e sem trabalho não há visto. Ficamos sem saída", afirmou Rita Nogueira, 28 anos, que está no Brasil a fazer um mestrado na área de Comunicação e Marketing.
A jornalista Rita Ferreira, 24 anos, afirmou que muitas empresas elogiaram seu currículo, que conta com um mestrado, mas não a empregaram devido às dificuldades de contratar um estrangeiro.
Segundo Rita Ferreira, o excesso de burocracia estende-se a actividades quotidianas.
"Um estrangeiro não consegue abrir uma conta bancária, não consegue comprar um chip para o telemóvel. O Brasil precisa de abrir as portas aos portugueses", concluiu.
Diário Digital com Lusa, aqui.