O número oficial duplica (31.412 cidadãos) se forem considerados todos os nacionais portugueses inscritos no consulado-geral em Barcelona, cuja jurisdição se estende, para além da Catalunha, às regiões autónomas de Valência, Baleares, Aragão e Múrcia. "A tendência tem sido para um ligeiro aumento pois em 2010 inscreveram-se 1543 nacionais, em 2011 inscreveram-se 1572 e durante 2012, até ao dia 19 de novembro, já se inscreveram 1434 pessoas", explicou à Agência Lusa fonte consular.
Contudo, este número de portugueses residentes deverá ser bastante superior, já que os cidadãos da União Europeia não precisam de estar inscritos no consulado para obter NIE (Número de Identidade Estrangeiro) e residir legalmente em Espanha.
Os jovens, sobretudo estudantes, bolseiros e arquitetos e designers em busca do primeiro emprego, são quem mais contacta as autoridades portuguesas em Barcelona, mas o perfil da comunidade portuguesa na Catalunha é diversificado. "Há advogados, médicos, professores, arquitetos, trabalhadores da construção civil, empregados de restauração, trabalhadores sazonais e quadros de empresas nacionais e multinacionais", ilustra o consulado.
As opiniões sobre uma eventual independência da Catalunha variam entre portugueses que residem na região. A Convergência e União (CiU) de Artur Mas venceu as eleições regionais antecipadas na Catalunha no passado domingo, mas ficou longe da maioria absoluta e com o caminho dificultado para fazer avançar o projeto de um estado próprio.
"Os portugueses dividem-se nesta análise", explica Hugo Madeira, 37 anos e a trabalhar em Barcelona há seis. "Há os que, como eu, acham normal a vontade ‘soberanista' do povo catalão enquanto outros veem-na como uma secessão que pode prejudicar Espanha e a balança de poderes na Península Ibérica. Acham que uma Catalunha independente seria um concorrente direto de Portugal."
É fácil perceber que Hugo, cujo chefe na empresa de gestão de sistemas onde trabalha também é português, se entusiasma com o tópico. "Choca-me que, para muitos portugueses, Espanha ainda seja um bloco onde todos dançam flamenco e comem presunto", ironiza. Uma das razões por que Hugo Madeira tem simpatia pela opção independentista é, precisamente, o facto de encará-la como português.
"A diferença do catalão para o espanhol de Madrid ou da Andaluzia é tanta como a do português para o mesmo espanhol", justifica. Alexandra Pinto Ramos, 32 anos, vive em Barcelona desde janeiro de 2007, vibra com o frenesim da cidade e, ao contrário de Hugo, trabalha apenas com catalães. Para já, com ou sem independência nos próximos anos, não tem quaisquer planos de mudança.
A portuguesa admite simpatizar com a causa independentista catalã: "É uma mais-valia ao nível da autoestima. A independência seria uma espécie de reconhecimento da identidade cultural catalã e teria influência na forma como eles se veem a si próprios e como poderiam crescer como nação."
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