Uma empresa francesa de recrutamento vai estar em Portugal para
apresentar o sistema de saúde em França depois do interesse manifestado
por médicos portugueses em trabalhar naquele país.
O diretor da
empresa Riviere Consulting disse hoje à agência Lusa que há cerca de um
ano e meio a empresa fez uma prospeção de mercado em Portugal, mas «com
pouco sucesso».
Mais recentemente, a empresa recebeu pedidos de
informação de cerca de 15 médicos portugueses que mostraram interesse em
conhecer o sistema de saúde francês e a empresa decidiu realizar uma
sessão de informação em Portugal, adiantou Matthieu Riviere.
Muitos
dos contactos recebidos são de médicos com cerca de 50 anos que se
queixam, sobretudo, da elevada carga fiscal que existe em Portugal. Já
os jovens manifestam preocupação com o futuro, relativamente às
colocações, à aprendizagem e evolução profissional.
Para
esclarecer os profissionais sobre o processo de recrutamento, a empresa
vai realizar uma conferência nos próximos dias 23 e 24, em Lisboa,
durante a qual divulgará o tipo e as oportunidades de carreira a que os
médicos podem aceder e as respetivas remunerações.
Segundo Carla Machado, responsável da empresa pelo recrutamento em Portugal, já estão mais de 100 médicos inscritos.
«Se dez aceitarem ir trabalhar em França já ficamos muito contentes», acrescentou Matthieu Riviere.
A maioria das vagas (cerca de 70%) é para o sistema de saúde público.
Um
médico português que inicie carreira em França ganha um salário mensal
líquido entre os 3.500 euros e os 4.000 euros, referente a 35/39 horas
semanais.
As prevenções e urgências são pagas adicionalmente e os médicos têm direito a cinco semanas de férias pagas.
No
setor privado as remunerações são mais elevadas, mas a empresa não
consegue indicar o valor exato, que depende do tipo de posto e da
instituição.
Os especialistas mais procurados são psiquiatras,
médicos do trabalho, radiologistas, cardiologistas, ginecologistas,
médicos de família, gastrenterologistas, pneumologistas, pediatras,
oftalmologistas e cirurgiões
Sobre as razões que levaram a
empresa a recrutar médicos em Portugal e noutros países europeus, como
Espanha, Itália, Bulgária e Grécia, Mattieu Riviere explicou que se deve
à «diminuição significativa» do número de diplomados em medicina.
«Há
15 anos que a França começou a ter problemas, porque o número de
formados que saía das universidades, perto de 100 mil por ano, era
insuficiente para responder às necessidades do sistema de saúde, uma
situação agravada com a saída dos médicos para a reforma», sustentou.
O
interesse nos médicos portugueses deve-se à existência de uma vasta
comunidade portuguesa em França, à reconhecida formação académica dos
médicos e à facilidade de integração e adaptação à cultura francesa.
A
empresa recruta, em média, cerca de 150 médicos por ano, não
conseguindo por vezes, pelo menos com a urgência necessária, preencher
todas as vagas pedidas pelos clientes.
A Riviere Consulting
espera conseguir desenvolver em Portugal um projeto a médio/longo prazo:
«Não se trata de uma contratação esporádica, mas sim um primeiro
contacto para avaliar o real interesse dos médicos portugueses por
oportunidades de carreira em França».
Os médicos deverão ter o diploma de medicina e especialização da UE, falar francês e inscrever-se na Ordem dos Médicos francesa.
Tvi24, aqui.