Emigrantes, historiadores, sociólogos, diplomatas e eleitos vão assinalar, na sexta-feira, o 50.º aniversário da emigração portuguesa para França, num colóquio organizado na cidade de Handaia, discutindo também "a emigração como fenómeno constante" e "realidade do presente".
Em declarações à Lusa, o coorganizador do evento Manuel Vaz Dias, presidente do Comité nacional francês de homenagem a Aristides de Sousa Mendes e da Rede da Aquitânia para a História e Memória da Imigração (RAHMI), explicou que 1962 é o marco "do início da emigração maciça de portugueses para a Europa, mais particularmente para a França".
"Foi nessa altura também que se começou a organizar a emigração clandestina, através dos passadores, e foi a partir sobretudo de 1964 que a emigração adquiriu um volume mais relevante", acrescentou.
Este encontro na cidade fronteiriça de Handaia, "porta de entrada da Península Ibérica na Europa e porta da liberdade" para portugueses e espanhóis, que viviam nesses anos sob ditaduras, é um olhar e uma reflexão sobre a história, mas tem também em conta que Portugal "vive de novo um fenómeno maciço de emigração".
"Embora o que se vá assinalar na fronteira não seja a emigração de hoje, acho que é importante ligar as duas coisas", afirmou Manuel Vaz Dias, acrescentando que o colóquio discutirá também a emigração enquanto "fenómeno constante" e "realidade do presente".
O primeiro painel, sobre as origens da emigração portuguesa para França e para a Europa nos anos de 1960, junta os historiadores Victor Pereira e Marie-Christine Tavares e a socióloga Maria Beatriz Rocha Trindade.
Depois, quatro mesas redondas abordam, com a participação de investigadores, eleitos, e representantes de diversas instituições, outras perspetivas sobre este fenómeno: "Contributos da emigração portuguesa para a sociedade francesa"; "A emigração portuguesa [e o impacto] na economia do país de origem"; "O lugar das mulheres e dos jovens na emigração"; e "A fronteira nos movimentos migratórios".
"Vão também estar presentes pessoas que viveram este período, que foram atores desta emigração", acrescentou Manuel Vaz Dias.
O secretário de Estado das Comunidades, José Cesário, estará presente no encerramento do encontro. Está também prevista a presença do embaixador de Portugal em França, Francisco Seixas da Costa, e do embaixador de França em Portugal, o lusodescendente Pascal Teixeira da Silva.
Depois do encontro inauguram-se duas exposições de fotografia: "Por uma vida melhor", de Gérald Bloncourt, que retrata três décadas de emigração portuguesa, da vinda "a salto" até à vida nos bairros de lata; e "Sala de espera", de Gabriel Martinez, que mostra as longas esperas de portugueses na estação de Handaia pelo comboio que os levaria ao seu destino final.
"Nesse espaço mais cultural do dia, será também apresentada a valorização de 33 testemunhos de emigração portuguesa recolhidos pelo RAHMI", concluiu Manuel Vaz Dias.
*Este artigo foi escrito ao abrigo do novo acordo ortográfico aplicado pela agência Lusa
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