José Barros falava no dia 27 de outubro, no decorrer do 9.º Encontro
Nacional das Associações Portuguesas de França e alertou que o apoio aos
novos emigrantes naquele país está "no mesmo patamar" do que nos anos
de 1960.
Para o responsável pelo gabinete de apoio social que a Santa
Casa põe ao dispor dos portugueses em França, o aumento do número de
emigrantes não está a ser acompanhado de um crescimento das redes de
apoio.
"Nos anos de 1960, não havia quase nenhum apoio, nem da parte
do Governo francês, nem da parte do Governo português. Depois, com a
presença da emigração, [esses recursos] foram-se desenvolvendo" nos dois
países, contou à agência Lusa.
Entretanto, acrescentou que essas
mesmas redes de apoio "foram fechando pouco a pouco, como se já não
houvesse problemas de emigração, porque a emigração parecia ter
acabado".
No caso da redução de recursos postos ao dispor dos
emigrantes em França pelas autoridades portuguesas, José Barros deu o
exemplo dos consulados: "(Se), num momento dado, aumentaram em eficácia e
em quantidade, (hoje) voltaram, de repente, a ser reduzidos para o
mesmo patamar que havia nos anos de 1960", afirmou.
José Barros,
emigrante em França há quase 50 anos, defende que as razões pelas quais
as pessoas emigram "são as mesmas" - "as pessoas emigram porque em
Portugal não conseguem viver" - mas acrescenta que "a maneira de o
Governo ver essa emigração não é bem igual".
"Nos anos de 1960, era
um crime emigrar. Hoje, o Governo apela à emigração de maneira muito
oficial. O próprio primeiro-ministro chegou a dizê-lo. Vemos que há essa
tendência do Governo a dizer «emigrem, emigrem, que aqui não há nenhuma
possibilidade»", sublinhou.
José Barros chamou ainda a atenção para o
facto de, emigrando, os portugueses já não enfrentarem "o perigo das
espingardas", mas terem ainda que fugir aos "perigos da exploração, da
falta de casas, da falta de trabalho".
O 9.º Encontro Nacional das
Associações Portuguesas de França foi organizado pela Coordenação das
Coletividades Portuguesas em França (CCPF), em parceria com outras
associações da comunidade. As associações juntaram-se em Paris para
debater a situação de crise em Portugal, o papel das associações face
aos novos emigrantes em França, e o ensino do português naquele país.
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