As remessas de emigrantes deverão atingir este ano 2.700 milhões de euros, um crescimento de 15% que o secretário de Estado das Comunidades disse ser «revelador de confiança no nosso sistema financeiro».
«É quase tanto como o país recebe da União Europeia, de fundos estruturais», sublinhou José Cesário, que falava na Fundação Cupertino de Miranda, no Porto, ao encerrar o seminário «A Emigração Portuguesa na Europa - Desafios e Oportunidades».
Para enfatizar o potencial económico da população emigrante, o governante afirmou que no I Salão do Imobiliário Português, realizado recentemente em França, «houve empresas nacionais que venderam mais do que comercializam cá durante um ano inteiro», cita a Lusa.
«Temos aqui, portanto, uma oportunidade extraordinária, sob todos os pontos de vista, que mau seria se continuássemos a desaproveitar», frisou.
José Cesário secundou as palavras do primeiro-ministro, proferidas na abertura do mesmo seminário, no sentido de o país tentar evitar a massificação da emigração, mas sublinhou também que a opção pelo trabalho no estrangeiro ««representa, muitas vezes, um universo extraordinária de oportunidades», num mundo globalizado em que os migrantes geram já uma riqueza equivalente à da quinta maior economia do mundo.
Na mesma iniciativa, o conselheiro da Assembleia Municipal de Paris, Hermano Sanches Ruivo, lamentou que os cinco milhões de portugueses que trabalham no estrangeiro não tenham representação no Conselho Económico e Social ou no Conselho de Opinião da RTP.
«Continuamos a ver a RTP Internacional e a SIC Internacional, só que muitas vezes baixamos o som», disse ainda, numa alusão a uma programação que considerou pouco apelativa.
Outro orador foi o diretor do periódico Luso Jornal, Carlos Pereira, que defendeu a criação de uma estrutura para incentivar o investimento de emigrantes em Portugal, motivado «até por razões do coração».
«Era preciso utilizar esta rede económica», defendeu, lembrando que há 120 mil empresários portugueses fixados no estrangeiro, 45 mil dos quais em França.
A capacidade dos empreendedores emigrantes foi sublinhada igualmente pelo docente da Universidade Aberta José da Silva Ribeiro. O orador destacou o caso de um emigrante que começou como trolha em Andorra e atualmente já detém 25 empresas, com 2.139 trabalhadores, a operar em dez países.
Agência Financeira, aqui.