Marta Marques da Silva
Só em Julho, os emigrantes portugueses enviaram quase 336 milhões de euros, mais 109 milhões do que no mês anterior. O efeito é sazonal mas só encontra paralelo em Julho de 2008, ainda antes de eclodir a maior crise financeira mundial desde os anos 30. A tendência de aumento das remessas de emigrantes portugueses está a tornar-se cada vez mais consistente. Nos sete primeiros meses do ano já entraram em Portugal mais de 1,6 mil milhões de euros, mais 14% face ao homólogo, e o valor mais elevado desde 2002.
A tendência tem vindo a ser acompanhada por especialistas que apontam, por um lado, o aumento da emigração como factor subjacente a este aumento de remessas. Embora não existam números concretos, o secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, José Cesário, estimava no final de 2011 que 100 a 120 mil portugueses tivessem saído do país só no último ano. No entanto, também a actual situação recessiva do País é apontada como possível explicação para o fenómeno.
Uma possibilidade que assenta no pressuposto de que, perante a
situação de desemprego, cortes salariais e aumento de impostos vivida em
Portugal, muitos emigrantes aumentem as contribuições enviadas para os
familiares no país. Em declarações ao Diário Económico em Junho, Jorge
Malheiros, do Centro de Estudos Geográficos da Universidade de Lisboa,
notava ainda que existe um período de adaptação, onde "após alguns meses
de ajuste inicial pode existir uma estabilização da prática do envio de
remessas. Teremos de aguardar para ver se a tendência se mantém". E os
números mais recentes mostram precisamente a manutenção dessa prática.
Económico, aqui.