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Os filhos de emigrantes que nasceram no estrangeiro procuram o que há de melhor em Portugal
2012-09-17
Os lusodescendentes continuam a procurar casa em Portugal, mas no lugar de a construírem na sua terra, ou a de seus pais, procuram comprar agora em outros lugares mais atraentes: tais como o Algarve, ou em outras grandes cidades portuguesas que se destacam no mundo do turismo.

Pascal Gonçalves, agora construtor em Portugal, disse ao correspondente deste jornal radicado no luxemburgo Antero Fernandes Monteiro, que a onda de emigrantes que outrora construía a casa na sua "santa terrinha", os filhos destes emigrantes continuam a investir em Portugal, mas "já não acrescentam tijolos à casa dos pais". E sobretudo, agora ainda compram mais nestes momentos em que o preço das habitações em Portugal, desceu mais de 40 por cento e mais. Portanto, "eles continuam a olhar para Portugal de uma maneira muito especial e singular, mas fazem-no como o têm feito no estrangeiro, nem mais nem menos". Quer isto dizer, que investem no imobiliário não na terra de seus pais e avós no interior do país, mas nas grandes cidades urbanas de turismo. Mas a maior parte das vezes, também junto de seus pais quando estes vivem em lugares de destaque e junto às praias obviamente. Dizem que é um melhor investimento e que para uma casa de "visita" à "santa terrinha" recordando os seus avós e outros familiares já têm a que herdaram. Este construtor, ele próprio lusodescendente, destacou que a maioria dos mais jovens da diáspora estão "agora mais a acompanhar o que lhes parece ser um excelente investimento de futuro". E também o Porto, Lisboa e Algarve onde compram casas baratas, até cerca de 200.000 euros em vez de 300 e 400.000 outrora. Há também uma boa oportunidade de concluir o melhor negócio ao preço mais baixo, pela simples razão que quase todos os compradores lusodescendentes pagam em líquido, sem ser preciso recorrer aos bancos; o que facilita a compra e a ânsia de muitos vendedores aflitos verem os seus negócios concluídos. E comprar casa "na terriola" é um mau investimento e eles já perceberam isso há muito. E como foi referido, muitos já têm casas dos seus antepassados, e não conseguem desfazer-se delas por causa do mercado atual. Agora procuram novos investimentos, e como a oportunidade é de ouro neste momento, melhor do que manter o dinheiro nos bancos a perca, até os compreendo, salientou. "Portanto, a casa da aldeia já é nossa". "São muitos os pais que vinham da mesma região, mas em muitas situações também vem de regiões diferentes e então não há uma casa: há duas casas", realçou.

Daí que a segunda geração mantém com Portugal uma relação "mais escolhida e menos obrigatória". "É uma relação onde há um certo distanciamento. Já não viemos apenas a Portugal para visitar a família. Já aproveitamos as férias para visitar outros países", afirmou.

Pascal Gonçalves, destaca que muitos também já não querem ir só para o Algarve, mas "descobriram o Alentejo e a costa vicentina e obviamente outras lindas das regiões diversificadas das muitas de Portugal".

Quando se coloca a questão de uma segunda casa para as férias, mesmo para quem já é casado com Luxemburguesas ou mesmo com pessoas de outras origens, "há uma preferência por Portugal, mais barata a vida e porque também já não é muito longe, porque há avião, há autoestradas e porque são raros os cônjuges que não são de origem portuguesa, mesmo que tenham a dupla nacionalidade, continuam a gostar imenso de Portugal". Não é apenas só porque têm sangue português, mas porque Portugal, é um dos países mais lindos do mundo pela sua "estética" de património diversificado, praias e pela excelente cozinha e doçaria conventual, sobretudo. Em Portugal tudo é bom, e há excelentes artesãos em vários domínios que deixam os estrangeiros de boca aberta a morrerem de inveja. Portanto, o que é bom agrada a todos. Não obstante, Portugal ainda não compreendeu. Ainda não deixou esse "mercado de saudade" para passar ao mercado muito mais evoluído, muito mais complexo, mas também muito gratificante que é o mercado de uma segunda geração, que não tem uma ligação afetiva automática unilateral, mas que coloca perguntas, quer respostas, quer certezas, quer ter apoios na simplificação de tarefas administrativas" para quem se quer instalar aqui depois de uma vida lá fora; mesmo sendo lusodescendente pretendem criar postos de trabalho e enriquecer o país, considerou.

Pascal Gonçalves realçou que os lusodescendentes tais como o faziam os seus pais outrora, ainda partem de Portugal depois das férias com o coração apertado de nostalgia e de uma saudade que não morre, mas que infelizmente a palavra para definir os lusodescendentes continua a ser "emigrantes".

"Mas nós já não somos emigrantes. Não nos confundimos com a nova geração de emigrantes portugueses. Na comunidade portuguesa lá somos filhos de emigrantes, mas já não somos emigração. E aqui em Portugal nota-se uma falta de compreensão por parte das estruturas portuguesas, que mantém uma visão sempre antiquada até ao momento". E portanto mesmo com esta indiferença e negligência do governo, acho que já há bem tempo que os lusodescendentes não enviavam do estrangeiro para Portugal, tão grandes remessas de capitais como o têm feito agora desde há algum tempo. Portanto, o governo devia pensar nisso, e tal como aconteceu na mudança de democracia em Abril de 1974 em Portugal, foi graças às remessas de capitais dos emigrantes que o país conseguiu superar e levantar a cabeça, agora mais uma vez os portugueses lusodescendentes estão sensibilizados e prontos a socorrerem o país de seus pais de novo, porque não conseguem esquecer que o sangue latino lhe corre nas veias mais do que nunca. Mesmo que tivessem nascido noutros países, Portugal para eles continua sempre vivo dentro dos seus corações, mesmo se fazem parte da segunda geração de homens e mulheres que um dia partiram a chorar de saudade ao serem obrigados a abandonarem a família e a pátria à procura de uma vida melhor. E o facto de terem às vezes dupla nacionalidade, não os motiva menos a serem portugueses de gema, ao contrário, afirmou Pascal Gonçalves ao correspondente deste jornal radicado no Luxemburgo.

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