Os manifestantes, a sua maioria jovens estudantes portugueses recentemente emigrados por causa da crise no seu país empunhavam cartazes em português, inglês e alemão, com inscrições como "Trabalho Indigno Não É Trabalho", "Emigração Não É erasmus? F... Troika", "Menschen Statt Banken" (Pessoas em vez de Bancos) e "Austerity Labs no Pasaran". (Laboratórios da Austeridade não Passarão).
Rita Ferreira, encenadora e atriz a viver há quatro anos em Berlim fez questão de enviar uma mensagem a Passos Coelho, contestando recentes declarações do chefe do governo sobre os elevados impostos que os trabalhadores pagam na Alemanha, ao referir-se à intenção do executivo de aumentar em sete por cento a Taxa Social Única para os assalariados.
"Se aqui pagamos mais impostos, também recebemos três vezes mais e também é verdade que, quando nos mandam emigrar, se esquecem de dizer que aqui também há trabalho ilegal, que nós, os gregos, espanhóis, irlandeses e muitos outros somos os novos escravos do campo laboral alemão", disse Rita, que até já trabalhou nas limpezas, apesar de ter cursado estudos teatrais na Universidade de Évora.
Pedro Monterroso, um sociólogo que chegou há poucos meses a Berlim, criticou, por sua vez, o atual Governo, mas também o anterior, afirmando que o Executivo de Passos Coelho se limita a prosseguir o trabalho já iniciado, "mudando apenas as figuras".
Por seu turno, Catarina Principe, uma estudante portuense que está há menos de um ano em Berlim, explicou à Lusa que foi para a capital alemã "para tentar arranjar um trabalho decente e poder estudar", acrescentendo que resovleu manifestar-se hoje porque o povo em Portugal "resolveu sair à rua e faz todo o sentido apoiá-los a partir daqui".
Os manifestantes começaram por ocupar o passeio junto ao edifício da Embaixada, mas foram forçados pela polícia a atravessar a rua e ir para o passeio em frente, levando chapéus de chuva com coloridas inscrições de protesto e uma instalação sonora que transmitiu canções de José Afonso. Aproveitaram também para ler textos de vários autores portugueses e brasileiros.
Os agentes da autoridade, de resto, mantiveram uma presença discreta, com duas carrinhas estacionadas junto à representação diplomática, que se manteve encerrada.
Um jovem canadiano, uma grega e uma brasileira solidarizam-se também com os manifestantes portugueses, em intervenções feitas através do microfone instalado no meio dos manifestantes.
SIC Notícias, aqui.