A Igreja católica celebra no domingo 19 de agosto o dia nacional dos migrantes e da solidariedade com a pastoral da mobilidade. Por isso propõe "a todas as comunidades e paróquias que celebrem a eucaristia pelos migrantes, envolvendo de forma ativa quer os emigrantes que se encontram na terra natal em visita de saudade e de descanso, quer os imigrantes residentes nas comunidades locais". Através da Comissão Episcopal da Pastoral Social e Mobilidade Humana, assim como da Obra Católica Portuguesa das Migrações (OCPM), a Igreja portuguesa está atenta a esta temática ao "Celebrar a Memória para Projetar a Nova Evangelização do Futuro".
O diretor da OCPM, Francisco Sales Diniz, refere no semanário Agência ECCLESIA que nos últimos anos aumentou "o número dos que deixam o país, levando consigo todo o agregado familiar, muitas vezes partindo na incerteza de encontrar o acolhimento e os meios que permitam a realização de uma vida digna". Para o diretor da OCPM, trata-se de um "momento especial de celebração e de reflexão" sobre a presença da Igreja junto dos migrantes, "ação que, por fidelidade à missão confiada por Cristo e face à atual dimensão dos fluxos migratórios, necessita de um empenho renovado". O sacerdote franciscano afirma que os valores cristãos propostos aos migrantes são "caminho para a construção de uma vida digna, impregnada de esperança e de alegria de viver".
Analisando com algum cuidado o tipo de emigrantes que procuram acolhimento noutros países, constatamos que na sua maioria são jovens e formados, portanto detentores de conhecimentos de nível académico que não encontram colocação no país. Mas também há outros de vários graus etários, com menos formação académica, mas mais experientes profissionalmente que saem, especialmente para a Europa, países africanos de língua portuguesa ou Brasil. Ou seja, os emigrantes que atualmente abandonam o país são qualificados e vão fazer falta para o arranque da economia da pátria lusa nas próximas décadas. Não tenhamos dúvidas que a maior parte daqueles que conseguirem sucesso nos países para os quais emigraram não voltarão ao rincão onde nasceram. Aconteceu o mesmo com as gerações anteriores, principalmente os que obtiveram trabalho em França, por exemplo.
Estes novos emigrantes sentem-se abandonados pelos governantes do seu país e não será fácil calar a sua revolta, independentemente de seguirem a via da fé ou não. O pároco da comunidade portuguesa de Versalhes, Geraldo Finatto, que está em França há 27 anos, afirma que os emigrantes que chegam a França já não procuram a Igreja para se instalarem ou integrarem. A esta apenas lhe resta "ir ao seu encontro". E explica: "Já não sentem a fé indispensável o que faz com que haja a preocupação de arranjar uma forma de chegar até eles e os integrar", acrescentou o sacerdote. É esta a preocupação daqueles que trabalham com os emigrantes, sejam sacerdotes ou leigos, mas cuja tarefa é cada vez mais difícil.
Seria bom que os nossos governantes refletissem sobre este problema que constitui a emigração e não se limitassem a aconselhar os portugueses a emigrar, pois poderão ter a desdita que sejamos nós a pedir-lhes para que eles próprios o façam, ou seja, para procurarem o seu sustento lá fora, trabalhando claro. A gestão de um país tem que ser feita por pessoas sérias e competentes e não por políticos que se limitem a usufruir do lugar que ocupam, apesar de eleitos pelo povo. Há necessidade absoluta de procurar soluções através dos meios de que dispomos, incentivando a economia, o que permitirá diminuir o cancro social que é o desemprego. Haja coragem de o fazer para que possamos seguir em frente.
Texto Opinião | Eduardo Santos
Fátima Missionária, aqui.