Vilar Formoso, 28 jul (Lusa) - Emigrantes que hoje entraram em Portugal pela fronteira de Vilar Formoso, Almeida, disseram à agência Lusa que estão preocupados com a crise económica que afeta o país que é visto no estrangeiro como um "pobre coitadinho".
Deolinda Costa, emigrante no Luxemburgo, que hoje atravessou a fronteira em direção a Estarreja, para passar as férias de verão, disse que trabalha há 25 anos naquele país, mas não o troca pela pátria natal que atravessa uma "grave" crise.
"Tenho pena que [Portugal] esteja assim, porque cada vez está pior", declarou a mulher, acrescentando que vê o seu país como "o pobre coitadinho" que "cada vez está pior e não sai da cepa torta".
Euclides Oliveira, emigrante em França, natural de Tocha, também considera que a atual situação económica "é a pior" para viver e trabalhar.
Em sua opinião, "o melhor" que os residentes têm a fazer "é sair" para o estrangeiro, alegando que "não há" outra hipótese de sobrevivência.
"É uma vergonha. Não sei como é que as pessoas vão viver", disse Ana Monteiro, natural de Lamego e emigrada na Suíça, aludindo ao desemprego e aos cortes nos subsídios de férias e de Natal.
Apesar de o país estar em crise, a mulher, disse que não irá "economizar" nas férias porque pode "alargar-se mais um pouco" nos gastos" do que os residentes.
Carlos Vicente, natural da Covilhã, a residir em França, declarou à agência Lusa que está "preocupado" com o que ouve nas notícias.
"Não é só Portugal que está em crise, mas está um bocadinho pior" do que os outros países europeus, observou, apontando que a situação está má e muitos portugueses estão "a emigrar".
Muitos dos emigrantes que hoje chegaram a Vilar Formoso foram surpreendidos pelo pagamento de portagens nas antigas SCUT (vias sem custos para o utilizador) A25 (Vilar Formoso/Aveiro) e A23 (Guarda/Torres Novas), mas nem todos discordam da medida.
"O Estado não pode pagar tudo", disse Deolinda Costa que antes de viajar do Luxemburgo comprou um dispositivo de pagamento eletrónico para o seu carro.
Euclides Oliveira ficou a saber das tarifas em Vilar Formoso e prontificou-se a pagar, considerando que a medida "já devia ter sido" aplicada "há mais tempo".
Carlos Vicente também não se mostrou incomodado pela situação: "Pagar é normal. Nos outros países também se paga".
Contra as portagens posicionou-se Ana Monteiro, proveniente da Suíça, por considerar que circula sem pagar "em mais de metade de Espanha" e tem que pagar no seu país onde as estradas "não são de categoria".
A Estradas de Portugal disponibilizou no início de julho dois novos sistemas de pagamento de portagens eletrónicas destinados exclusivamente aos veículos de matrícula estrangeira.
Os sistemas "EasyToll" e "Toll Card" estão acessíveis na área de serviço de Alto de Leomil, na A25, no sentido Espanha-Portugal, próximo de Vilar Formoso.
ASR.
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