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Presença de luso-eleitos no Parlamento francês é histórica mas comunidade tem dimensão para mais
2012-07-17
Os três luso descendentes eleitos a 17 de junho para a para a Assembleia Nacional de França são a prova de que a participação da comunidade luso-francesa na vida política do país tem vindo a crescer. Mas tendo em conta a dimensão dessa mesma comunidade, o número de eleitos ainda está aquém do possível. Este é a opinião partilhada por dois deputados do Parlamento português eleitos pelo círculo da Emigração e dois representantes da comunidade luso portuguesa em França.

Eleitos nas Legislativas de junho último, Christine Pires Beaune, Carlos da Silva e Patrice Carvalho ocupam três lugares na Assembleia Nacional de França. Nunca houve três deputados nacionais oriundos da comunidade portuguesa em França, mas tendo em conta a dimensão e o tempo de presença dessa mesma comunidade naquele país, pergunta-se se este número não daria ter sido maior.
"Eu só vejo o lado positivo da eleição de três luso-franceses para a Assembleia Nacional de França", sublinhou a O Emigrante/Mundo Português o deputado Carlos Gonçalves, tendo acrescentado que para além dos eleitos, " houve várias dezenas envolvidos na campanha eleitoral". "Uns perderam, outros ganharam, é assim", afirmou o parlamentar social-democrata, eleito pelo círculo da Emigração, lembrando que os candidatos concorreram por círculos uninominais. "Não é como em Portugal que as listas permitem a eleição do 5º, 6º, 7º (candidato). Ali não, têm que ser os melhores de cada partido para ganharem a eleição naquele determinado círculo. E houve muitos portugueses que foram escolhidos por forças políticas como os melhores", explicou.
Presidente do Grupo Parlamentar de Amizade Portugal-França, Carlos Gonçalves diz que há "claramente" uma maior participação da comunidade portuguesa nas eleições em França, algo que presenciou na campanha eleitoral de junho. "Participei de várias iniciativas de campanha de vários candidatos de diferenças forças políticas e nunca vi um envolvimento tão grande da comunidade franco-portuguesa numa eleição, como nesta", afirmou a este jornal, defendendo que "a ideia de que a comunidade portuguesa tem pouca visibilidade e peso político", demonstra "algum desconhecimento sobre a realidade da comunidade portuguesa em França".
A visão «positiva» dos resultados é partilhada por Paulo Marques, presidente da Cívica (Associação de autarcas portugueses e luso franceses em França). "São 577 deputados, há três e origem portuguesa. Nunca houve e é incrível", destacou. O também conselheiro das Comunidades Portuguesas e presidente da Comissão Permanente da Participação Cívica e Política daquele organismo definiu como "algo de muito importante", o facto de haver "uma maior participação cívica e política". "De há 15 anos para cá, os jovens com maior idade estão inscritos automaticamente nas listas eleitorais, e dessa medida vê-se a diferença", defendeu, sublinhando porém, que a visibilidade da comunidade portuguesa "tem que passar também por outras vias", entre as quais a existência de "mais de 45 mil empresas de portugueses". "Passa ainda pelo ensino do português, enquanto língua de cariz económico, numa aprendizagem mais profissional. Se o Carlos Gomes é presidente da Renault, é também porque fala português. Temos que aproveitar essas mais-valias e depois congregá-las, fazer com que todos trabalhem conjuntamente", afirmou.

Lado menos bom...

Já Paulo Pisco diz que "há um lado bom e outro menos bom". O deputado socialista, também eleito pelo círculo da Emigração aponta como fator positivo o aumento da participação dos portugueses na vida política francesa, tanto a nível local, como na Assembleia Nacional. Mas lamenta que essa presença ainda seja "diminuta em comparação com a dimensão da comunidade". Entretanto, afirma estar convencido que o facto de haver progressivamente mais portugueses "a ganhar posições de destaque na vida política francesa", acabará por chamar a atenção dos portugueses "para a importância da vida política e arrastar outros também para essa atividade", "E assim ganharmos cada vez mais influência a nível de todas as instâncias políticas francesas", acredita.
Hermano Sanches Ruivo concorda que três deputados "é pouco" e que se esperava mais. Mas explica que "num sistema francês com uma bipolarização, se os partidos - o principal de esquerda e o de direita - não fizerem tudo para que os candidatos estejam em situação de serem eleitos, estes não serão". "Portanto, houve muito mais candidatos de origem portuguesa, mas por pequenos partidos e em locais onde não tinham hipótese de ganhar", recordou o conselheiro da Câmara Municipal de Paris.
Sanches Ruivo diz ainda que o interesse e vontade política da comunidade luso-francesa "só agora começa a aumentar" e nesse sentido, a eleição de três luso-franceses "é uma boa notícia". "As coisas estão a avançar e estes três eleitos são claramente os primeiros de um número que só poderá vir a aumentar. Agora, vai aumentar, mas dentro de cinco anos, nas próximas eleições", acrescenta.
O também presidente da Activa - Grupo de Amizade França Portugal concorda que tendo em conta a dimensão da comunidade portuguesa, poderia ter havido um número maior de deputados eleitos e lembra que "em França há um Senado e não temos nenhum senador". Mas pede atenção aos portugueses e luso-franceses que exercem cargos políticos a nível autárquico. "Já temos dois mil (eleitos) nas cidades, embora 75 por cento em cidades com menos de cinco mil habitantes. Se calhar entre esses, há 200 com poder camarário. São esses números que é preciso acompanhar", alerta. "Acredito que estejamos numa fase ascendente em termos de visibilidade", sublinha.
Ana Grácio Pinto
apinto@mundoportugues.org

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