O segundo e último dia do I Encontro Mundial de Luso Eleitos, em
Cascais, começou com uma intervenção do secretário de Estado do
Empreendedorismo Competitividade e Inovação, Carlos Oliveira, que apelou
à participação dos luso-eleitos.
"A mensagem é que temos um
país que, apesar das dificuldades, tem uma dinâmica nova, tem talento
disponível, pessoas disponíveis com qualificações do melhor que há no
mundo, infraestruturas tecnológicas capazes de atrair investimento",
disse o governante aos jornalistas à margem do encontro.
Para
Carlos Oliveira, "é fundamental dinamizar estas redes de contactos"
entre Portugal e a diáspora, não só para que as empresas portuguesas
tenham acesso aos mercados no exterior, mas também para que as
comunidades possam atrair a Portugal algumas oportunidades de
cooperação.
"É fundamental disseminar esta mensagem de um
Portugal do século XXI, que acredita naqueles que partiram e que são,
eles próprios, empreendedores na diáspora", sublinhou.
O
consultor Jorge Portugal apresentou "cinco sugestões de como a diáspora
pode ajudar Portugal": Mostrar ao mundo que Portugal foi um dos países
da Europa que nos últimos anos mais avançou em conhecimento e inovação;
contribuir para a mobilidade entre universidades portuguesas e
estrangeiras; atrair empresas portuguesas inovadoras para a diáspora;
mobilizar investimento para Portugal e apoiar as empresas portuguesas
que começam hoje a instalar-se nos mercados mais competitivos.
"O
vosso apoio é muito importante. É acelerador e pode desbloquear muitas
barreiras", disse o responsável perante dezenas de senadores, deputados e
autarcas luso-descendentes na África do Sul, Estados Unidos, Canadá,
França e Luxemburgo.
Para o senador do Estado de Nova Iorque
Jack Martins, a intenção até já existe, mas falta coordenação e linhas
de comunicação, exemplificando com o caso de uma empresa portuguesa que
está a trabalhar no estado norte-americano onde é eleito, que até já tem
alguns contratos, mas da qual soube "quase por acidente".
"Podia
ter-lhes aberto portas, podia ter dado assistência. Mas não sabia, e
eles também não sabiam (...) que podiam contactar o meu gabinete. Deve
haver situações destas em toda a parte", disse, defendendo que devia
haver um mecanismo que facilitasse o contacto.
Também Ana
Bailão, vereadora na Câmara de Toronto, Canadá, referiu dificuldades,
nomeadamente de falta de profissionalização entre as organizações da
comunidade, que vivem sobretudo do voluntariado.
"É muito
importante profissionalizar as nossas organizações", sublinhou a
luso-eleita, exemplificando que enquanto a Câmara do Comércio portuguesa
em Toronto não tem qualquer funcionário, a italiana tem nove, porque o
governo italiano investe e apela às empresas que apoiem a instituição.
O
deputado sul-africano de origem portuguesa Manny de Freitas não tem
dúvidas de que "há um bloqueio entre os luso-eleitos e as organizações
portugueses" e que o encontro de hoje "é um meio de começar a mudar
isso". "Mas o trabalho agora é nosso, não temos de estar à espera dos
governos", disse, afirmando que já está em curso a criação de uma rede
de luso-eleitos espalhados pelo mundo.
Para o secretário de
Estado das Comunidades, que organizou o encontro de luso-eleitos
juntamente com o jornal Mundo Português, o objectivo do governo é
precisamente esse: "O que nós desejamos mais é que as próprias
comunidades criem as suas dinâmicas (...). Estamos muito empenhados em
que, por exemplo, as redes (de luso-eleitos) sejam criadas por eles".
Público, aqui.