"Esta gente (jovens), não sei se por pudor se por vergonha ou modéstia excessiva, não consegue projetar devidamente a sua valia no seio da sociedade venezuelana e é preciso que isso se faça", disse.
Mário Lino da Silva falava à Agência Lusa à margem de um encontro organizado pela Associação de Luso-descendentes da Venezuela para assinalar o 12.º aniversário da sua fundação e também o Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas.
"É preciso que os luso-descendentes ou luso-venezuelanos se afirmem como tal na sociedade venezuelana, porque têm um valor próprio para se afirmarem individualmente e como grupo, e refletir assim a grande valia que hoje em dia já é reconhecida de toda a comunidade portuguesa neste país", disse.
O diplomata explicou que lançou o desafio "no sentido de projetar, através desta gente valiosa, a imagem de Portugal neste país, porque é disso que se trata e é algo que é de direito porque os portugueses neste país pertencem a uma comunidade que muito tem feito pelo desenvolvimento na Venezuela".
"Portanto, têm um direito próprio de estar e de projetarem as suas origens, as suas raízes, e o nome de Portugal tem que ser veiculado juntamente, através destes novos testemunhos que são os luso-venezuelanos", frisou.
O embaixador explicou que pretende motivar uma reflexão coletiva no seio da comunidade lusa local, porque "esta nova geração praticamente está a suceder aos chamados pioneiros, emigrantes portugueses que aqui chegaram a partir dos anos 30/40".
"Os pais desta nova geração, que está a despertar para o mundo associativo, foram uma geração muito sacrificada porque eram gente humilde, trabalhadora, sem grande preparação cultural nem educacional, que se dedicaram exclusivamente ao trabalho, no sentido de conseguir uma vida melhor para os seus e para os seus filhos e, em particular, permitir dar-lhes a educação que eles não tinham conseguido receber".
No seu entender, "cabe agora a esta nova geração assumir o testemunho daquilo que foi a vida destes portugueses ao longo destes anos todos".
"Mercê da educação que os seus pais conseguiram já dar-lhes por terem, entretanto, ganho um estatuto económico mais favorável, hoje em dia já é normal encontrarmos luso-descendentes com carreiras universitárias e com o nome firmado em vários setores de atividade da sociedade venezuelana, desde a música ao mundo académico, à medicina, às artes e letras, que com alguma facilidade identificamos imediatamente como pessoas nascidas na Venezuela mas descendentes de portugueses", concluiu.
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