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60 luso-descendentes nas legislativas
2012-06-04
O número de candidatos luso-descendentes às eleições legislativas de domingo é incerto, mas as associações de eleitos de origem portuguesa e a Embaixada de Portugal em Paris consideram natural que sejam cada vez mais. Mais de 6 mil candidatos disputam a primeira volta da corrida aos 577 assentos parlamentares da Assembleia Nacional francesa. Pelas contas da associação Cívica, de Eleitos Portugueses, Luso-franceses e Europeus em França, há 60 candidatos luso-descendentes.

Por João Saramago

Reside em França a maior comunidade portuguesa no estrangeiro. São mais de meio milhão de cidadãos portugueses e um número semelhante de portugueses que, entretanto, pediram a nacionalidade francesa ou luso descendentes. A comunidade portuguesa depois de recuar no seu número nas décadas de oitenta e noventa recuperou a partir de 2000. Os portugueses são a maior força de trabalho estrangeira, em França, com cerca de 400 mil trabalhadores.

A associação Activa - Grupo de Amizade França Portugal das Cidades e Colectividades Territoriais diz, por seu lado, ter confirmado apenas 11 candidaturas de deputados que "tenham uma relação com Portugal e projectos a desenvolver entre os dois países".

Paulo Marques, presidente da Cívica, disse à agência Lusa que os números a que a sua associação chegou resultam de uma análise das listas divulgadas pelo Ministério do Interior francês, onde constam os mais de 6 mil candidatos, identificando nomes de família portugueses.

"A Cívica contou também com a sua rede de membros e com a confirmação dos partidos dos diversos candidatos para chegar a esta lista", explicou.

Hermano Sanches Ruivo, presidente da Activa, disse à Lusa que a sua associação não procurou fazer "uma lista exaustiva" de todos os candidatos de origem portuguesa, mas antes focar-se "na relação que os candidatos tinham com Portugal".

"O objectivo da nossa associação é desenvolver a cooperação entre os dois países e a cidadania. Para um grupo de amizade França-Portugal só interessam os candidatos que têm alguma coisa que ver com Portugal e que pretendem trabalhar para os mesmos objectivos que nós", acrescentou.

Jorge Portugal Branco, sociólogo da Embaixada de Portugal em França, explicou à Lusa que a quantificação exacta da participação de luso-descendentes como candidatos nos actos eleitorais em França é muito difícil e que os números resultantes da análise das listas oficiais devem ser entendidos como um "indicador".

Seleccionar todos os candidatos que tenham um nome que pareça português, explicou, não garante que não se incluam pessoas de origem espanhola, italiana ou grega, ou pessoas que não tenham relação com Portugal. Não garante, também, que não fiquem de fora luso-descendentes casadas com franceses, e que não usem o apelido da sua família.

Para ilustrar esta dificuldade, e a margem de erro do método, o sociólogo deu um exemplo: "Em 2008, por altura das legislativas, a embaixada fez um levantamento sistemático, em todas as listas, de todo o território, dos autarcas portugueses. Foram encontradas mais de 3700 pessoas que pareciam corresponder ao critério dos apelidos. Quatrocentas e muitas responderam-nos dizendo que não eram de origem portuguesa, e apenas 1400 se inscreveram no nosso banco de dados, preenchendo um questionário".

Embora discordando no ângulo de análise e, consequentemente, nos números, os dois dirigentes associativos concordam que a comunidade portuguesa em França está mais visível.

Também o sociólogo considera que existe "uma evolução grande no acesso às carreiras políticas", que acompanha a evolução da presença dos portugueses em França em todos os sectores da sociedade.

"Hoje, em França, já se vêem pintores, músicos, escritores, jornalistas e investigadores de origem portuguesa. Essa geração de luso-descendentes [mostra que] os portugueses perderam a invisibilidade", afirmou. E isto, diz, apesar de não haver números precisos, aconteceu também na política.

Os franceses votam no domingo na primeira volta das eleições legislativas, um escrutínio sem 'suspense, no qual se espera que os eleitores confirmem a vitória que deram à esquerda nas presidenciais de há um mês.

No domingo, mais de 6 mil candidatos disputam os 577 assentos parlamentares da Assembleia Nacional francesa. Apenas os que tiverem mais de 12,5 por cento dos votos passam à segunda volta, no dia 17.

Jean Chiche, investigador do Instituto de Estudos Políticos de Paris, disse à agência Lusa que esta eleição é "essencial" para que o Presidente da República, François Hollande, consiga colocar em prática o programa que levou a votos, e para "assegurar à França estabilidade política, sobretudo neste contexto de crise económica".

Correio da Manhã, aqui.

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