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Português é a língua mais falada em pequena aldeia suíça
2012-03-20
A crise financeira da zona do euro deixou cerca de 17 milhões de pessoas sem trabalho, muitos dos quais estão agora a tentar a sorte mais longe, em lugares como a Suíça, o que está a mudar a cara de algumas comunidades muito tradicionais locais. Hoje em dia, por exemplo, a língua mais falada nas ruas de Täsch não é o original alemão, mas sim português, e uma loja local está a fazer negócio com as especialidades portuguesas, como bacalhau e vinho tinto.

«Nós, os portugueses, somos metade da população. Quando se percorre as ruas, nas lojas, em todo o lado pode-se falar português», afirma Yolanda Carvalho, que chegou a Tasch há mais de 15 anos, relata a BBC, descrevendo a pequena aldeia de Taesch como sendo, à primeira vista, uma comunidade alpina típica, com casas antigas de madeira, uma igreja, uma loja e uma padaria.

A portuguesa lembra-se de que quando chegou apenas uma mão cheia de pessoas não era de nacionalidade suíça. «Agora as coisas são muito diferentes», salienta. «Não há opções (para os jovens)», acrescenta.

Embora os eleitores suíços tivessem dito não à adesão plena à UE há mais de 20 anos atrás, a Suíça assinou a diversas políticas da UE, incluindo as que regem a livre circulação de pessoas e de trabalho.

Actualmente, a baixa taxa de desemprego na Suíça, apenas 2,8%, os seus salários relativamente elevados e a sua economia saudável estão a atrair milhares de pessoas de toda a Europa.

Mais de 140.000 imigrantes chegaram à Suíça no ano passado, um aumento de 6% em relação a 2010.  A maioria veio de Estados membros da UE, em particular dos mais afetados pela crise na zona euro, incluindo Portugal.

«Se houver uma alternativa a trabalhar por 700 euros por mês em Portugal, mal conseguindo pagar o aluguer ou comprar comida, então é melhor você vir para a Suíça», garante Yolanda.

A população de Tasch cifra-se actualmente em 1270, mais de 700 dos quais são estrangeiros, a maioria deles portugueses.

Mas porque é que tantos portugueses escolhem uma pequena aldeia isolada no fundo dos Alpes suíços? A resposta encontra-se a apenas um par de quilómetros mais acim, no resort em expansão de Zermatt.  Aqui há mais empregos do que os locais são capazes de ocupar: nos hotéis, restaurantes, e na construção civil.

Mais: limpar quartos de hotéis ou limpar mesas de bar não é  que os suíços queiram fazer. Em todo o país, a indústria do turismo depende de trabalho imigrante.

No entanto, há grandes diferenças culturais às quais os portugueses se têm que adaptar, nomeadamente a não fazer barulho depois das 20:30, hora a que muitos dos habitantes locais vão dormir. Apesar de tudo, os locais habituaram-se, incluindo a ter crianças por perto, algo que rareava na aldeia.

A nível nacional, o clima não é tão positivo como em Tash. Pesquisas de opinião mostram muitos suíços gostariam de sair do Espaço Schengen sobre a livre circulação de pessoas e reintroduzir quotas de imigração.

Diário Digital, aqui.

 

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