O Presidente francês, recandidato às eleições presidenciais, afirmou, na terça-feira à noite, num programa da televisão pública francesa, que "há demasiados estrangeiros" no país e prometeu reduzir para metade (de cerca de 180 mil para 100 mil) os emigrantes que entram anualmente em França.
Questionada pela Lusa sobre as declarações de Sarkozy, a portuguesa Alexandra Custódio, candidata nas listas da UMP, o partido do Presidente, às eleições legislativas de junho, afirmou que estas palavras "dirigem-se aos imigrantes que vêm de fora da Europa" e que as medidas anunciadas pelo candidato "só servem para ajudar a reforçar a coesão do espaço europeu, que está em dificuldades".
"França não pode, sozinha, resolver os problemas de fora da Europa", defendeu a candidata portuguesa.
Sarkozy avançou ainda a promessa de, sendo reeleito, fazer depender o reagrupamento familiar e o casamento de um estrangeiro com um cidadão francês das suas condições de rendimento e de alojamento, e de um exame de língua francesa e sobre valores da República.
Para além disso, o Presidente candidato anunciou que pretende limitar a atribuição a estrangeiros de subsídios de integração social e de complementos de reformas de velhice apenas a quem tenha residido em França nos 10 anos anteriores e trabalhado cinco anos.
Também o conselheiro das comunidades Carlos Reis, autarca socialista em França, considerou que as palavras de Sarkozy "não se aplicam aos portugueses". Ainda assim, defendeu, "são declarações graves", que o preocupam "na [sua] perspetiva de autarca".
Embora sem querer comentar diretamente este tema, o secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, José Cesário, concordou também que as medidas anunciadas não terão como alvo os trabalhadores comunitários, uma vez que estes podem circular livremente nos países da União Europeia.
A responsável pela pesquisa sobre o envelhecimento na Caixa Nacional Francesa de Seguro de Velhice (CNAV), Claudine Attias-Donfut, que entre 2002 e 2003 coordenou o inquérito "Passagem à Reforma dos Emigrados", disse à agência Lusa que, para além de "uma boa integração" neste país, a comunidade portuguesa revela a particularidade de ter "uma participação eficaz no mercado de trabalho": "Há relativamente pouco desemprego entre os portugueses. E isto mesmo comparando com os franceses", afirmou.
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