"Trinta por cento da comunidade portuguesa em França vive abaixo do limiar da pobreza, com menos de 954 euros por mês. E neste número estão muitas pessoas de idade, pessoas sós, reformadas. Nestes 30 por cento estão pessoas que têm que optar, nestes dias de frio, entre aquecer a casa ou comer. E mais: à medida que o tempo passa, o problema da terceira idade vai agravar-se", afirma Joaquim Silva Sousa, provedor da Santa Casa da Misericórdia de Paris. Por isso, a "consciência de comunidade" é ainda mais urgente, defende.
Numa campanha de recolha de alimentos organizada no Natal do ano passado, a Misericórdia recebeu 1,5 toneladas de alimentos. Desde o início do ano já ajudou 125 famílias. Em 2010 ajudou 115. Não há um beneficiário-tipo, a crise trouxe novos rostos aos necessitados.
"Recebemos pedidos de ajuda de famílias monoparentais e de recém-chegados também. Não temos uma contabilização do número de portugueses que chegaram a França nos últimos anos, mas sabemos que o espaço de tempo que decorre até que a família se encontre numa situação estável, com alojamento e trabalho, é muito superior do que o que era há uns anos", acrescentou.
O provedor pretende, por isso, e para contornar o obstáculo que são os "poucos meios" de que dispõe a instituição, promover "uma reflexão da comunidade sobre os outros", criando uma "rede de solidariedade". "Muitas das pessoas que hoje estão bem na vida quando chegaram tiveram momentos de dificuldade. É a essas pessoas e a essa lembrança que queremos chegar", explicou.
A Santa Casa da Misericórdia de Paris foi criada a 13 de junho de 1994. Desde então tem desenvolvido um trabalho de proximidade entre as comunidades portuguesas em França.
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