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Brasil: portugueses preocupados com embaixada
2012-02-03
Contestam o facto do novo embaixador ainda não ter chegado a Brasília, desde a saída do anterior, em Agosto, e cortes noutros cargos

Representantes da comunidade portuguesa em Brasília enviaram esta sexta-feira uma carta ao ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Portas, com queixas a respeito da política externa adoptada em relação ao Brasil.

No documento, citado pela Lusa, os responsáveis destacam a demora para a nomeação um novo embaixador para Brasília e a ausência de funcionários em cargos importantes como o de adido económico e adido cultural.

«O embaixador foi embora em Agosto e ainda não veio um substituto. Agora foi nomeado [Ribeiro Telles], mas ainda não chegou. Com isso, teremos um vazio de aproximadamente sete meses sem representação na embaixada», destacou à Lusa Carlos Manuel Pedroso Neves Cristo, membro do Conselho Consular de Brasília e gestor num escritório de advocacia.

Segundo Neves Cristo, o adido de imprensa, o jornalista Carlos Fino, também recebeu uma notificação de que deverá deixar o cargo. O Governo ainda não informou se será nomeado um substituto ou se o posto será extinto.

«Sinalizam também que a adida de informações talvez tenha de ir embora, com supressão do cargo. Tudo isso deixa-nos bastante preocupados», reforçou Neves Cristo, ao ressaltar que estes «vazios» ocorrem num momento em que se pretende realizar o ano de Portugal no Brasil e do Brasil em Portugal.

«Mesmo no caso dos que serão substituídos, nós não vemos a vantagem dessas mudanças. Para a realização do ano de Portugal no Brasil esses profissionais devem ter um networking [rede de contactos] e as pessoas que estavam cá há muitos anos possuíam essa rede», considerou.

Actualmente, não há, no Brasil, um interlocutor oficial para tratar dos temas referentes ao ano cultural que se pretende realizar em Setembro próximo. O presidente da Fundação Luso-brasileira, Miguel Horta e Costa, foi nomeado para tratar do tema, a partir de Portugal.

Os membros da comunidade observam que a extinção de cargos na embaixada está a ocorrer desde há cinco anos e recordam outras perdas de relevo como a supressão do adido das comunidades e do funcionário responsável por apoiar os presos portugueses no Brasil.

Os responsáveis dizem, por fim, conhecer as dificuldades financeiras que Portugal enfrenta, mas alertam para a necessidade de fortalecer as relações comerciais com o Brasil neste momento, o que não se consegue fazer sem representantes em postos políticos de relevo.

«Consideramos que as dificuldades que Portugal atravessa hoje, em termos económicos, em decorrência da crise que está a assolar a Europa, apontam para a conveniência da intensificação de parcerias entre empresas portuguesas e brasileiras», diz o texto.

Dezoito pessoas, incluindo portugueses e luso-brasileiros, assinam a carta enviada hoje a Paulo Portas, entre eles empresários e funcionários públicos a ocupar altos cargos no Governo brasileiro.    

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