"Vai-se andando devagar. As minhas duas netas entraram hoje para a escola, tenho casa para morar, mas não me sinto a 100 por cento porque não tenho emprego e também preciso ajudar nas despesas", afirmou hoje Paulo Sebastião, chefe desta família, em declarações à Lusa.
A família é constituída por Paulo e Maria Irene, de 46 e 44 anos, os filhos Marília, 27, Vanessa, 23, Paulo Júnior, 19, e Beatriz, 13, e quatro netos, todos com menos de cinco anos, nascidos no Canadá.
Para S. Miguel foi também o marido de Marília, um cidadão turco que possui autorização de residência no Canadá, para onde regressou há menos de uma semana com um dos filhos do casal.
"Ele regressou no sábado ao Canadá, porque tem lá o trabalho", salientou Paulo Sebastião, manifestando confiança que a sua filha mais velha também consiga regressar, na sequência da carta de chamada que o marido lhe fez.
Paulo Sebastião admitiu, no entanto, que a permanência da filha no Canadá poderia ter "facilitado" a situação.
"A carta de chamada está feita, mas se ela tivesse ficado lá, na primeira semana de Março recebia os papéis", afirmou, acrescentando que também aguarda a possibilidade de regressar ao Canadá.
"Também fiz um pedido de regresso ao Canadá com um contrato de trabalho. Tenho uma chance, mas eles é que mandam", frisou, admitindo que, se as coisas não correrem bem, só poderá regressar ao Canadá "dentro de cinco anos e de visita".
Enquanto a situação não se resolve, a família Sebastião vai tentando "adaptar-se aos poucos", tendo hoje o dia sido marcado pela entrada de duas netas de Paulo Sebastião na escola.
A falta de emprego continua, no entanto, a preocupar o chefe da família, que reside numa casa na Ribeira Seca, no concelho da Ribeira Grande, disponibilizada pelo Governo Regional dos Açores.
"Já meti os papéis para o Fundo de Desemprego e a minha esposa também", disse, acrescentando que as filhas "já deram o nome" em várias lojas em Ponta Delgada, numa tentativa de encontrar emprego.
A família chegou a Ponta Delgada a 30 de Dezembro depois de ter sido deportada do Canadá, na sequência da recusa do pedido de permanência pelos serviços de imigração daquele país.
A família, que estava no Canadá desde 2001, foi detectada em situação ilegal pelas autoridades canadianas em 2007.
Na altura apresentaram um pedido para obter estatuto de refugiado e, posteriormente, um pedido de autorização de residência no Canadá por razões humanitárias, mas ambos foram indeferidos pelas autoridades canadianas.
A questão da deportação de emigrantes portugueses do Canadá poderá ser hoje discutida numa reunião entre o presidente do governo dos Açores, Carlos César, e a embaixadora canadiana em Lisboa, Heidi Kutz.
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