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“Há uma nova emigração portuguesa mais qualificada”
2012-02-07

Madalena Queirós

"As relações entre Portugal e a Alemanha têm muito futuro", diz o embaixador da Alemanha em Portugal, no programa "Capital Humano".

Os portugueses não têm qualquer dificuldade em integrar-se na sociedade alemã e muito menos em aprender alemão. A certeza é de Helmut Elfenkamper, o embaixador da Alemanha em Portugal. As relações entre os dois países têm cada vez mais futuro. Só no ano passado a Alemanha investiu em Portugal 1,2 mil milhões de euros.

Como caracterizaria as relações entre Portugal e a Alemanha?
São boas, são antigas, também. No ano passado, comemorámos 100 anos de presença de uma grande empresa alemã aqui em Portugal e a Alemanha era, até ao início da última década, o maior parceiro comercial de Portugal. Agora é a Espanha e a Alemanha tem o segundo lugar, mas ainda é, quanto a investimentos industriais, um dos maiores parceiros de Portugal. Em 2010, os investimentos nesse sector vindos da Alemanha eram de 1,2 mil milhões de euros. Celebrámos os 20 anos da presença da Volkswagen-Autoeuropa em Dezembro. As empresas estão aqui implantadas e querem ficar, algumas anunciaram mesmo que querem aumentar o seu pessoal, como a Bosch, no ano passado. Acho que é importante sublinhar a parte cada vez mais importante dos produtos técnicos e de alta tecnologia no comércio entre Portugal e a Alemanha, que é uma expressão do futuro que têm estas relações.

Enquanto em Portugal o desemprego não pára de crescer, a Alemanha tem inúmeras vagas. Acha que os portugueses podem ocupar estas vagas?
As competências interculturais e as faculdades de adaptação dos portugueses são bem conhecidas. Tivemos, desde os anos 60, muitos portugueses a trabalhar na Alemanha. É uma velha tradição. Neste momento, 120 mil portugueses vivem na Alemanha. Aconteceu, nos últimos anos, uma nova emigração portuguesa, de pessoas muito mais qualificadas. E esse é o problema de uma parte da economia alemã: não encontrar, em número suficiente, pessoal qualificado em certos sectores industriais, mas também dos serviços da saúde, por exemplo.

Os portugueses que querem ir trabalhar para a Alemanha devem aprender a língua?
O alemão não é tão difícil como parece. Os métodos de ensino também melhoraram. No mundo do trabalho, um certo conhecimento da língua é indispensável. Isso é claro sobretudo na indústria, mas nos serviços também. No mundo universitário, por exemplo, os estrangeiros na Alemanha podem já estudar em inglês, em várias universidades alemãs. Mas para se integrarem melhor no mundo do trabalho e para trabalharem com sucesso, eu diria que aprender a língua é indispensável. Temos uma situação em que o ensino do alemão está a baixar muito aqui em Portugal, temos muito mais inscrições de jovens adultos, pessoas qualificadas, à procura de trabalho que estão a inscrever-se, por exemplo, no Instituto Cultural Alemão, o Instituto Goethe, aqui em Lisboa. Têm um crescimento nas inscrições de cursos da língua.

Quais os problemas que terão em integrar-se na sociedade alemã?
Os hábitos, o clima. Na Alemanha, naturalmente, o clima não é tão agradável como aqui em Portugal, mas também não é um deserto de neve. Neste momento, temos um Inverno muito rigoroso, mas, de uma maneira geral, as estações são bastante agradáveis na Alemanha. Acho que, por exemplo, os hábitos da comida são diferentes. Nós temos o hábito, por exemplo, de comer só uma ‘sandwich' ao almoço. Os alemães também são pouco directos nos contactos humanos, o que pode surpreender um português que vai a primeira vez à Alemanha, mas penso que tudo isso são dificuldades ultrapassáveis e, de uma maneira geral, os portugueses têm poucos problemas na Alemanha.

 

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