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Portugueses são um terço dos desempregados no Luxemburgo
2011-12-28
Desemprego entre emigrantes é "significativo", admite secretário de Estado. Só no Luxemburgo há mais de quatro mil portugueses sem trabalho.

Do número anual de portugueses que emigram para o Luxemburgo, quase dois terços acabam por regressar a Portugal. Maioritariamente sem formação, a população portuguesa neste país representa já cerca de um terço do total dos desempregados. Um fenómeno que é extensível a outros dos principais destinos actuais da emigração portuguesa e que está a preocupar o Governo. De acordo com o secretário de Estado das Comunidades, José Cesário, o desemprego entre os portugueses a viver no estrangeiro "é significativo" não apenas no Luxemburgo, mas também em países como o Reino Unido e Andorra.

Ainda assim, avança o Conselho Nacional de Estrangeiros no Luxemburgo, a tendência é para que o fluxo de emigrantes nacionais que procuram aquele país continue a aumentar. O mesmo se passa em países como o Brasil e França, onde há mais oportunidades de emprego.

Em 2010, a taxa de desemprego no Luxemburgo rondava os 6,8%, com cerca de 12.600 pessoas fora do mercado de trabalho. Destas, 4267 eram portugueses que tinham deixado o país em busca de emprego além-fronteiras. Segundo Rogério Dias de Oliveira, do Conselho Nacional de Estrangeiros, nessa altura estariam a chegar, por ano, mais de seis mil emigrantes portugueses ao Luxemburgo, um número que terá aumentado em 2011. 

Apesar de a tendência ser para a procura de empregos menos qualificados, tem-se verificado "uma maior procura de empregos por portugueses com diplomas no Luxemburgo", avança o conselheiro. Uma tarefa que, prevê Rogério Dias de Oliveira, "pode não ser fácil".

E se o desemprego é significativo para a comunidade portuguesa no país, as consequências já se fazem notar. Na ceia de Natal deste ano organizada pela Cáritas local, contavam-se, entre cerca de mil sem-abrigo, mais de 140 portugueses. 

Também na Suíça se prevê um agravamento da situação, diz Manuel Beja, conselheiro das comunidades portuguesas no país. No final de Novembro, seriam 10.500 os portugueses no desemprego, o que, segundo o conselheiro, mostra que as dificuldades sobretudo de "trabalhadores com contratos temporários já se fazem sentir", em particular em áreas como a construção e a hotelaria.

Menos dificultada será a procura de emprego por diplomados no Brasil, um destino cada vez mais procurado por portugueses qualificados em busca de oportunidades que já não encontram no seu país de origem. Segundo António de Almeida e Silva, conselheiro das comunidades portuguesas no país, trata-se de um "novo fenómeno da emigração" portuguesa, especialmente para cidades como São Paulo e o Rio de Janeiro, onde há já um "número bastante razoável de portugueses jovens e qualificados", empregados ou a "aguardar colocação". O conselheiro salienta a "facilidade" que há em encontrar trabalho para estes jovens num país que não está longe de uma situação de pleno emprego.

Além do Brasil e de destinos mais tradicionais como França e Suíça, diz o secretário de Estado das Comunidades, é também para Angola que agora se dirige o maior número de portugueses que emigram em busca de melhores condições de vida. José Cesário estima em 100 a 120 mil os portugueses que emigraram este ano, mas o número, admite, "pode ser muito superior".

Adeus, Portugal: 100 mil saíram este ano

O secretário de Estado das Comunidades estima entre 100 mil e 120 mil o número de portugueses que abandonaram o país em 2011. Os números, salienta, baseiam-se em estatísticas do movimento consular e de outras fontes, pelo que "podem ser muito superiores", uma vez que o registo consular não é obrigatório e não é possível controlar com rigor a livre circulação de pessoas no espaço europeu. O mesmo tinha sido já defendido por Manuel Beja, conselheiro das comunidades portuguesas na Suíça, que fala em números "estranhamente baixos" face a uma realidade que conhece no terreno. À Antena 1, Manuel Beja referiu também que muitos emigrantes portugueses estarão a retirar "verbas elevadas" que mantinham nos bancos portugueses.    

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