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Observatório dos Luso-descendentes apela à participação nas eleições francesas
2011-11-30

A Comunidade portuguesa em França deve ter uma "participação cívica"nas eleições previstas para o próximoano e pode usar a sua capacidade deinfluenciar o futuro de dois países, concluiu um encontro do Observatório dos Luso-Descendentes com o Embaixador francês em Lisboa.

A propósito do seu "primeiro jantar temático", em Lisboa, quatro dezenas de lusodescendentes puderam colocar questões sobre as presidenciais de abril e maio e as legislativas de junho em França ao Embaixador Pascal Teixeira da Silva.

Apelando ao "sentido de comunidade", o diplomata, também lusodescendente, lembrou a "grande vantagem" da dupla cidadania: o mesmo cidadão tem "duas vezes mais possibilidades de influenciar as decisões" de dois países europeus."Acho que há cidadãos gregos que gostavam de ter direito de voto naAlemanha", assinalou.

A dupla participação - sustenta o Embaixador - ganhou ainda mais sentido com a crise económico-financeira, que provou que "a política de um país qualquer tem consequências noutro".

Esta "vantagem" não tem, porém, suscitado interesse, reconheceu, referindo que "a participação eleitoral" do milhão e meio de franceses que estão fora do país e inscritos nos Consulados "é fraca, na ordem dos 35%".

E, lembrando que a inscrição nos Consulados de França só pode ser feita até final do ano, falou no "milhão que não estão sequer inscritos", dizendo esperar que não houvesse casos desses entre os presentes, motivando algumas reações comprometidas.

Pascal Teixeira da Silva explicouainda a "inovação muito importante"das próximas legislativas em França: a eleição de onze Deputados que vão representar os franceses no estrangeiro (um dos quais o grupo composto por Portugal, Espanha, Andorra e Mónaco).

"É uma excelente medida, da qualPortugal podia tirar exemplo para agestão da sua diáspora", sugeriu, porseu lado, Emmanuelle Afonso, Presidente do Observatório dos Luso-Descendentes, comparando: "A França vai ter nove Senadores [não eleitos diretamente] e onze Deputados para defender dois milhões de franceses, enquanto Portugal tem quatro Deputados que representam os supostamente cinco milhões que estão fora". "Supostamente" porque Emmanuelle Afonso não acredita nesse "númeroro mântico" e, por isso, "um dos objetivos a médio e longo prazo" do Observatório, em atividade há mais de um ano, "é chegar a uma definição mais concreta de quantos Portugueses moram fora". "Cinco milhões saíram de Portugal há 40 anos. As pessoas não têm filhos, não se reproduzem, não morrem?", questiona, frisando ainda que "Portugal não são só dez milhões de pessoas e os que estão fora podem ajudar neste tempo de crise".

Emmanuelle Afonso rejeitou ainda "aquele mito de que os Portugueses no estrangeiro não votam". "Temos três mil luso-eleitos só em França e60 em cidades de mais de 60 mil habitantes", exemplificou.

Ao jantar, nas mesas, falou-se detudo: da crise, dos falsos recibos verdes, da necessidade de dar a volta e de ser otimista, da segunda e terceira gerações de Portugueses que vivem de costas voltadas a Portugal e até de políticos que, em busca deprotagonismo, "vão às Comunidades como quem vai ao supermercado".    

Lusojornal, , aqui, edição França n.º 59, página 6.

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