Luísa Meireles (www.expresso.pt)
O primeiro ato da visita de Cavaco Silva à Califórnia, que ontem se iniciou em San Jose, foi no adro da Igreja Nacional das Cinco Chagas, o templo dos portugueses por excelência, construída em 1912. A banda de música tocou e depois seguiu-se uma missa bilingue.
Foi a segunda vez que Cavaco esteve em San Jose. A primeira, foi como primeiro-ministro, em 1990. Às poucas centenas de portugueses e luso-descendentes que o festejaram, disse-lhes que estava ali para "reparar uma falha".
Há 21 anos que um Presidente português não visitava a comunidade portuguesa da Califórnia, a maior (360 mil) e a mais rica nos Estados Unidos. Mário Soares esteve aqui em 1989 e António Guterres em 1997.
Cavaco Silva confessou-se emocionado com os "sinais portugueses". À sua chegada, houve quem gritasse, depois de cantados os hinos americano e português: "Viva Portugal! Viva Cavaco Silva! Viva o Benfica!".
"Em nome de Portugal"
O segundo ato foi um jantar que o Presidente ofereceu à comunidade num hotel da cidade, e que serviu também para angariar fundos para uma associação de solidariedade social, a POSSO (Portuguese Organization for Social Services and Opportunities).
Às 820 pessoas presentes, uma fração da comunidade mais bem sucedida na vida, o Presidente afirmou: "venho em nome de Portugal, que mais do que nunca precisa de todos para construir o seu futuro".
É desígnio principal que trouxe Cavaco Silva até à Califórnia e é o mesmo apelo que fez há dois dias em Washington, quando se encontrou com a comunidade local. O Presidente está empenhado em mobilizar a diáspora "por Portugal" e, mais uma vez, pediu-lhe que divulgasse as "potencialidades que o país oferece".
"O nosso país está a desenvolver um esforço muito sério e consistente de promoção das suas exportações e de atração de investimento, no quadro de um processo mais vasto de reestruturação empresarial, que aposta na internacionalização e que incluirá a privatização de importantes sectores económicos", declarou na intervenção que fez durante o jantar.
Cavaco Silva referiu também que "àqueles que desejarem investir deve ser dada a possibilidade de o fazerem sem entraves burocráticos" - uma mensagem que, segundo disse, leva para Portugal, pois recebeu várias queixas nesse sentido.
Objectivo: Silicon Valley
Nesta última etapa da viagem do Presidente, juntou-se uma pequena comitiva de cinco empresários, entre eles o presidente da Confederação Industrial Portuguesa, António Saraiva, o presidente da Associação dos Jovens Empresários, Francisco Maria Balsemão e dirigentes de duas empresas de capital de risco, da Federação Nacional de Business Angels e de uma empresa de consultoria que trabalha diretamente com Silicon Valley.
A Meca da tecnologia mundial é precisamente o destino de Cavaco Silva durante o dia de amanhã, tendo previstos vários encontros, bem como uma palestra na universidade de Stanford e visitas à Cisco, à Lockheed Martin e ao pavilhão português num centro de inovação de empresas.
Em Silicon Valley encontra-se também uma missão empresarial portuguesa, organizada pelo ministério da Economia.
Cavaco Silva é acompanhado nesta parte da visita pelos secretários de Estado das Comunidades e do Empreendedorismo, Competitividade e Inovação. O Presidente regressa a Portugal na quarta-feira.
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