As declarações que chegavam este fim de semana do outro lado do Atlântico foram debatidas durante horas nas redes sociais, em particular no Twitter, que congregava unanimidade em torno de um ponto: Miguel Mestre foi poupado em termos de diplomacia.
"Se estamos no desemprego, temos de sair da zona de conforto e ir para além das nossas fronteiras", declarou o secretário de Estado da Juventude e do Desporto, durante a sua deslocação ao Brasil.
Alexandre Miguel Mestre falava perante representantes da comunidade portuguesa de São Paulo e jovens luso-brasileiros, para se debruçar sobre o tema do desemprego entre os mais novos, um dos principais problemas que afeta Portugal. Seminário no Brasil
Miguel Mestre participou no seminário "Luso-brasilidade: Reflexões e Atualidade", iniciativa com o objetivo de aproximar o Governo da "diáspora" portuguesa.
Ao Brasil deslocaram-se também o secretário de Estado das Comunidades, José Cesário, o secretário de Estado Adjunto da Economia e do Desenvolvimento Regional, António Almeida Henriques, e o secretário de Estado Adjunto dos Assuntos Parlamentares, Feliciano Barreiras Duarte.
E perante a gravidade da situação - o Eurostat acaba de indicar que o desemprego entre os portugueses com 25 anos ou menos estava em setembro nos 27,1 por cento -, o secretário de Estado não tem dúvidas de que sair de Portugal só tem vantagens para os jovens cidadãos nacionais.
Defende Miguel Mestre que, no caso de os jovens portugueses decidirem ficar no país para onde emigrarem, terão aí uma oportunidade para "dignificar o nome de Portugal e levar know how daquilo que Portugal sabe fazer bem".
No entanto, se pelo contrário, ao fim de um determinado período, a opção for no sentido de retornar à pátria, "regressará depois de conhecer as boas práticas" do outro país, podendo "replicar o que viu" no sentido de "dinamizar, inovar e empreender".
Miguel Mestre, um especialista em Direito do Desporto que sucede a Laurentino Dias nesta Secretaria de Estado, atalhava por antecipação a visão negativista de uma situação que tem preocupado setores específicos da economia nacional: a razia de trabalhadores altamente qualificados que desaparecem do mercado de trabalho, do ensino e da investigação com a chamada "fuga de cérebros".
Pelo contrário, o governante anunciou que o Executivo vai incentivar o intercâmbio entre estudantes com outros países, nomeadamente com a promoção de estágios no estrangeiro. E já no próximo dia 2 de novembro será lançado o "Livro Branco da Juventude", no qual constará o tema da presença do jovem no estrangeiro.
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