*** Serviços áudio e serviço vídeo disponíveis em www.lusa.pt ***
Lisboa, 21 out (Lusa) - Os portugueses que pretendem emigrar para Angola não devem pensar que este país é uma "tábua de salvação" para a crise em Portugal, disse à Lusa a responsável do Consulado angolano em Lisboa, cujos serviços atendem diariamente entre 700 e 800 pessoas.
Cecília Baptista disse que apesar da crise "não se nota um aumento significativo (do pedido de vistos de entrada), porque os próprios portugueses começaram a compreender que Angola não é esta tábua de salvação que toda a gente pensa".
A cônsul-geral socorre-se de uma declaração feita recentemente por Jorge Coelho, presidente do Conselho de Administração da construtora portuguesa Mota Engil.
"Ele terá dito que as pessoas não pensassem que por estarem as coisas mal em Portugal, que chegando a Angola aquilo era um mar de rosas. As pessoas têm que ter condições para se afirmarem lá também. Se não as têm para se afirmarem aqui, muito dificilmente terão para se implantar em Angola e terem sucesso nos seus negócios", destacou.
"Em angola há critérios para se absorver mão-de-obra expatriada", acrescentou.
Diariamente o Consulado de Angola atende 700 a 800 pessoas e os números sobem ainda mais no período do verão e nos meses de dezembro e janeiro, adiantou.
Para resolver os problemas suscitados pela demora no deferimento dos processo de pedido de visto de cidadãos dos dois países, os chefes das diplomacias de Portugal e Angola, Paulo Portas e Georges Chicoti, respetivamente assinaram a 15 de setembro um protocolo de facilitação da emissão de vistos, alargando os períodos de vigência das autorizações de entrada.
A cônsul-geral de Angola remete para o próximo dia 25 o início de aplicação da nova metodologia acordada pelos dois países mas destacou "duas grandes inovações: a redução nos tempos de concessão de vistos e a concessão de vistos múltiplos. Penso que está tudo a correr bem. Pelo menos não temos queixas dos utentes", frisou.
Mas do lado angolano há razões de queixa que irão ser em breve "dirimidas" no âmbito dos mecanismos de controlo e acompanhamento previstos no protocolo.
"Lamentavelmente. Ainda hoje (quinta-feira) me foram apresentadas duas. São problemas que nós pensamos dirimir no quadro do protocolo que assinámos, porque foram criados pontos de contacto nos dois países que vão assinalando de parte a parte as dificuldades que forem sendo encontradas", assinalou.
Em causa estão as "entrevistas a que são submetidos" cidadãos angolanos que pretendem entrar em Portugal e que são marcadas por um espaço de 30 dias, obrigando-os a "fazer alterações nos seus calendários de viagens".
Para Cecília Baptista "o nível de relações" atual entre Portugal e Angola "justifica plenamente" que fosse encontrado "um entendimento para facilitar a livre circulação de pessoas" entre os dois estados.
"O protocolo fala por si. Os dois governos empenharam-se em abolir estas barreiras e do nosso lado estamos preparados para dar cumprimento escrupuloso ao protocolo, porque sabemos das vantagens advenientes da eliminação de barreiras para os dois lados. É vantajoso para Angola, tal como é vantajoso para Portugal", concluiu.
EL.
Lusa/Fim, aqui.