Bruxelas - O conselheiro das Comunidades Portuguesas na Bélgica, Pedro Rupio, contesta, em carta enviada ao ministro dos Negócios Estrangeiros, a gestão pelo Instituto Camões (IC) do ensino de Português no país, que acusa de servir mal os emigrantes.
Na carta, a que a Lusa teve acesso, Pedro Rupio denunciou o encerramento de turmas quando há alunos suficientes para que sejam abertas.
"Apesar de não haver diminuição no número de inscrições de alunos em relação ao ano letivo passado, houve dois professores que ficaram sem horário e os outros estão, na sua maioria, com horários incompletos", acrescentou ainda o conselheiro.
Pedro Rupio sublinhou ainda que "existe em Anderlecht (arredores de Bruxelas) a possibilidade de se criar uma nova turma devido a um elevado número de pedidos por parte dos pais e da escola. Essa proposta foi recusada pelo Instituto Camões".
A redução de horários, referiu também, "vai afetar o vencimento salarial dos professores", cortes que poderão chegar aos 30 por cento.
O conselheiro na Bélgica aponta para uma solução: "voltarmos dois anos atrás, quando alunos e professores usufruíam de horários realistas (...), tempos em que o ensino do Português no estrangeiro não era gerido pelo Instituto Camões".
Na carta - que além de Paulo Portas, tem como destinatários o secretário de Estado das Comunidades, José Cesário, e a presidente do IC, Ana Paula Laborinho, - Rupio ressalvou, no entanto, que todos têm consciência "da actual situação económica do país, que é alarmante".
"Todos nós também sabemos que este ano, como todos os anos, Portugal vai receber cerca de dois mil milhões de euros (só na Bélgica são 30 milhões) em remessas por parte da emigração, contributo financeiro não negligenciável", referiu.
"Sou um produto de uma rede de ensino de português no estrangeiro de qualidade. Nasci e vivi toda a minha vida na Bélgica. Se hoje consigo exprimir-me e escrever em português com um nível aceitável, é em grande parte graças ao direito constitucional do qual dispõem cinco milhões de portugueses", sublinhou ainda.
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