Sob o tema «O futuro das migrações: perspectivas em mudanças globais», a 16ª Conferência Metropolis 2011 vai decorrer de 12 a 16 de Setembro, ena ilha de São Miguel nos Açores. Os trabalhos terão lugar no Teatro Micaelense-Centro Cultural e de Congressos e no Largo S. João-Edifício Teatro Micaelense.
A conferência, que já se realizou em vários locais do mundo, como Sydney, Haia e Washington, chega este ano a Portugal. Os Açores foram escolhidos sobretudo devido ao estudo do caso particular das ilhas nas questões da emigração e da imigração, disse o secretário regional da presidência, André Bradford, na conferência de imprensa de apresentação do evento. "Quer num âmbito, quer noutro, julgamos que somos bons exemplos e também julgamos que é por causa disto que a organização internacional Metrópolis apostou em realizarmos nos Açores esta conferência", frisou o governante citado pela Agência Lusa.
Graça Castanho, directora regional das Comunidades, sublinhou a importância do evento por abordar ainda "temáticas novas" como a questão da Internet ou das redes sociais. "É uma temática nova, que vai aferir de que forma as novas tecnologias de informação estão ao serviço das movimentações migratórias e da integração destas populações na diáspora, como também as questões de envelhecimento", referiu Graça Castanho à Lusa, assinalando ainda a importância do evento em causa para "marcar politicas que depois são implementadas no futuro".
"É a maior conferência mundial sobre migrações que se realiza pela primeira vez nesta região. É também um desafio e estímulo porque nos coloca no centro do que mais importante e de maior dimensão se faz no mundo sobre a questão das migrações e nós temos esse direito pelo historial de politicas desenvolvidas, no relacionamento com a diáspora e acolhimento das imigrantes", disse ainda André Bradford, na conferência de imprensa.
Entre os conferencistas, pala além de investigadores e académicos de vários países, incluindo Portugal, estarão presentes responsáveis da Organização Internacional das Migrações, da organização das Nações Unidas, do Banco Mundial, além do antigo Comissário Europeu para a área da Justiça e Assuntos Europeus, António Vitorino, e de responsáveis dos Governos das Filipinas, México e Quénia.
Ao longo de cinco dias, vão realizar-se oito sessões plenárias e 75 workshops, quatro mesas redondas, e cinco visitas de estudo, quatro delas em São Miguel e uma no Faial e Pico. Nestas duas ilhas serão "estudadas as implicações que o Vulcão dos Capelinhos teve no processo de emigração dos Açores". Já em São Miguel, as visitas centram-se nas questões da imigração e integração dos imigrantes; no trabalho do Governo dos Açores e de diversas instituições não governamentais em prol dos cidadãos portugueses deportados dos Estados Unidos e do Canadá; na história da emigração açoriana; e na questão do regresso dos emigrantes ao arquipélago. Estima-se que cerca de 10 mil açorianos regressaram às ilhas, por diversas motivações.
As conferências Metropolis envolvem mais de 40 países e incluem a participação universidades, instituições de investigação e organizações políticas.
Metropolis
O Projecto Internacional Metropolis (www.metropolis.net) foi lançado há dez anos com o objectivo de unir pesquisa, política, e prática sobre migração e diversidade. O projecto pretende ser um contributo para melhorar a capacidade de pesquisa académica, encorajar pesquisa sobre temas de relevância política relacionados com migração e diversidade, e facilitar a utilização dessa mesma pesquisa por parte de governos e associações não governamentais. O fórum inclui investigadores, políticos, organizações não-governamentais e internacionais de todo o mundo.
Emigração Açoriana
Crê-se que a emigração açoriana data do início da colonização das ilhas, no século XV, mas só começou regularmente dois séculos mais tarde. O primeiro grande destino da emigração açoriana foi o Brasil, especialmente o Sul do país, em 1747, com o êxodo de cerca de seis mil pessoas. Nos últimos anos do século XIX e até meados do século XX, houve um grande fluxo migratório em direcção a São Paulo e ao Rio de Janeiro.
Os Estados Unidos surgiram como o segundo grande destino da emigração açoriana, na segunda metade do século XVIII, mas em meados do século XIX tornaram-se um destino. As Bermudas foram o terceiro grande destino da emigração açoriana. "As condições de vida no arquipélago e a crise económica vivida nessa época, causada pelo declínio na produção da laranja e o declínio do comércio, levaram muitos açorianos ao Havai, onde as condições de trabalho disponíveis eram bastante apelativas. Apesar das condições geográficas e económicas, o Havai atraiu muita gente da Ilha de São Miguel" lê-se no site da organização da conferência www.metropolis2011.org.
O Canadá foi o último grande destino além-fronteiras. Teve início principalmente em 1953, e só foi possível através de acordos bilaterais entre Portugal e Canadá. Após 1998, Os Açores deixaram de ser uma região de emigração para se tornarem principalmente uma região de imigração. O tremor de terra que atingiu principalmente as ilhas do Faial, Pico e S. Jorge, destruindo cerca de 1.600 casas e outras importantes infra-estruturas, marcou a chegada de brasileiros, cabo-verdianos, angolanos, ucranianos, entre outros, ao arquipélago. Actualmente, os imigrantes residentes nos Açores representam aproximadamente por cento da população total da região.
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