Rio de Janeiro, 28 ago (Lusa) -- O português José Manuel Correia Gonçalves chegou ao Rio de Janeiro no final dos anos 60 para começar a vida do zero e hoje é um empresário conhecido com vários restaurantes na cidade, que empregam mais de 100 pessoas.
Natural do Concelho de Almada, Zé Manuel como é conhecido, de 59 anos, fez parte da leva de milhares de portugueses que, fugindo do regime salazarista e da guerra nas ex-colónias africanas, decidiram refazer a sua vida no Brasil. Na década de 70 residiam no país mais de 410 mil portugueses.
Quando chegou ao Brasil, com poucos estudos - apenas tinha feito a escola primária em Portugal -- José Manuel Gonçalves começou a trabalhar como ajudante de obras.
Os tempos eram difíceis e não foi fácil adaptar-se ao país, recordou à Lusa, mas garante que sempre teve o espírito empreendedor, marca de muitos emigrantes portugueses.
"A minha escola foi a vida, às vezes acertando, outras vezes errando. Mas não posso me queixar. Eu vinha da lavoura (...), saí de uma aldeia e vim para um mundo completamente diferente. Eu tinha a opção de ir para a França mas optei pelo Brasil, o Rio era uma opção pela língua e por parentes que tinha aqui".
Mas, assegura, "eu não nasci para ser empregado", resumindo, assim, a sua ambição profissional. A vida de empresário, começou-a com uma "birosca", um pequeno bar localizado numa favela, e depois montou uma lanchonete (pequeno estabelecimento de venda de refeições rápidas), e depois, na década de 80, abriu aquela que era então a maior rede de estabelecimentos de venda de sumos naturais, com mais de 30 lojas espalhadas por todo o Rio de Janeiro.
Os bons ventos começaram então a soprar a favor do emigrante. Zé Manuel foi o primeiro a investir no ramo das "casas de sucos" (casas de sumos). "Em 10 anos eu abri 39 casas em toda a cidade e tinha mais de 40 funcionários", lembra.
E em 1996, o português decidiu abrir então um restaurante que se tornou famoso ponto de encontro dos boémios da cidade, o bar e restaurante Rio 40º, localizado perto do famoso estádio do Maracanã, no bairro Vila Isabel.
O cardápio, tem um estilo bem carioca: um buffet com churrasco e feijoada todas as sextas-feiras, mas tem também o toque lusitano com a posta de bacalhau, bacalhau na brasa e dobradinha à moda do Porto.
As doses são bem servidas, é uma "casa portuguesa com certeza, é bem farto", define o dono. E funciona do almoço até à hora a que é servido o último cliente. Quando o estádio do Maracanã tem jogo de futebol, o movimento vai até de madrugada.
O restaurante luso-brasileiro é também inovador pelos seus petiscos, que se tornaram-se famosos, como os bolinhos de grão de bico e bacalhau e até bolinhos de feijoada.
Só no restaurante Rio 40º, Zé Manuel comanda 47 funcionários. Mas, além deste restaurante tem hoje uma churrascaria chamada "Opção na Brasa", que abriu em 2008, e ainda duas casas de sumo "Rei dos sucos", remanescentes no centro da cidade e o empresário diz que ainda tem fôlego para expandir o negócio.
Zé Manuel quer abrir, ainda este ano, uma filial do Rio 40º no famoso bairro de Ipanema, próximo da praia, e da Lapa, no centro do Rio.
"Eu quero expandir. Como empresário sempre tenho que ter ambição, e a minha própria clientela pede. Quero unir o útil ao agradável", conta.
Nos dois restaurantes atuais e nas casas de sucos, já emprega 130 pessoas. Os filhos também fazem questão de ajudar nos negócios do pai.
Sem esquecer o seu passado em Portugal, onde volta todos os anos, Zé Manuel considera-se, contudo, de "alma 80 por cento carioca", tanto que no seu restaurante mais conhecido, o Rio 40º faz questão de prestigiar a cidade maravilhosa com ilustrações de pontos turísticos como o Cristo Redentor, os arcos da Lapa e o Maracanã.
FO.
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