O Governo está em negociações para acelerar a entrega de vistos aos portugueses que seguem para Angola, numa altura em que, sem emprego em Portugal, cada vez mais cidadãos arriscam a sorte emigrando para este país.
O Executivo quer desbloquear esta situação até porque existe uma grande diferença de tempo para obter um visto em Lisboa ou em Luanda. O deputado do PS, Paulo Pisco, questionou o ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Portas, sobre a dificuldade e a demora da entrega de vistos. A questão surgiu em Julho, na sequência da deportação de 42 portugueses de Angola por trabalharem com vistos de turista.
O ministério garante que está a acelerar o processo, tendo em conta a presença "significativa de cidadãos e empresas portuguesas" e as "oportunidades do ponto de vista económico" que oferece. É ainda sublinhado que as parcerias económicas entre os dois países "aconselham a uma maior agilização dos processos de concessão de vistos aos nacionais dos dois países" e que o Executivo já entregou uma proposta de resolução às autoridades angolanas.
O número de empresas portuguesas em Angola andará "à volta das três mil", segundo o deputado, o que explica a emigração de grande parte desses trabalhadores. "Há muitos cidadãos que vão com as empresas", diz. O deputado espera que "da reunião entre os dois países haja progressos para facilitar a concessão dos vistos", até porque este processo é "assimétrico", por demorar apenas cerca de dois dias em Angola, graças a uma aplicação informática que obtém os dados das Conservatórias no imediato. Em Portugal o processo arrasta-se. A demora da entrega de vistos foi uma das questões na agenda de Paulo Portas, durante a visita a Angola, tendo sido criada a Comissão Bilateral sobre Vistos.
NÚMERO DE PORTUGUESES EM ANGOLA CRESCE
O número de portugueses que vive em Angola está a crescer. Este ano, é quatro vezes superior ao da comunidade angolana em Portugal.
O Observatório da Emigração anotou a presença de 91 900 cidadãos portugueses em Angola, ou seja, mais 70 900 desde 2003, quando existiam 21 mil nacionais no país africano.
Em Portugal, há 23 494 angolanos registados, segundo os dados avançados pelo Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) no seu relatório anual.
Por:Pedro H. Gonçalves/ Susana Serra
Correio da Manhã, aqui.