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"Alertámos as autoridades para o impacto social [da falência da empresa] e é pena que não se tenha visto há vários anos a questão da formação profissional destas pessoas, muitas das quais será impossível requalificar devido à idade, à formação académica e sobretudo à questão linguística", disse Coimbra de Matos.
O dirigente associativo calcula que o despedimento dos trabalhadores da Socimmo irá afetar 2 mil pessoas.
"Num país pequeno como o Luxemburgo isto terá um impacto muito grande", sublinhou, adiantando que muito destes empregados têm contratos temporários.
"Estas pessoas são a mão de obra fácil que é utilizada e depois descartada. No mês de março, a empresa contratou 50 trabalhadores e no mês de junho mandou-os embora. Neste momento, terão cerca de uma centena de pessoas nessa situação [com contratos a prazo]", acrescentou.
Coimbra de Matos fala de "muitas situações precárias" na comunidade portuguesa, não apenas devido à situação desta empresa, mas de outras que têm salários em atraso há dois ou três meses e de que ainda não se fala.
"No Luxemburgo, enquanto as pessoas tiverem um contrato não têm direito a apoio social [mesmo que não estejam a receber o salário] e há casos de grande precariedade e muitas pessoas que já falam em regressar ao país de origem", adiantou.
As dificuldades de tesouraria e a acumulação de dívidas na empresa de construção Socimmo, onde 420 dos 476 trabalhadores são portugueses, dura há algum tempo, mas quarta-feira os funcionários foram confrontados com a sua falência iminente.
A empresa tem as contas congeladas, os bancos estão a recusar-lhe financiamento e os trabalhadores têm dois meses de salários em atraso e quatro de horas extraordinárias.
Hoje, os funcionários da empresa manifestaram-se em frente ao Ministério da Economia do Luxemburgo, onde uma delegação foi recebida pelos ministros da Economia, Jeannot Krecké, e do Trabalho, Nicolas Schmit.
Para as 14:00 locais (13:00 em Lisboa) foi agendada outra reunião que juntará os dois ministros, a direção da Socimmo, os sindicatos e os banqueiros.
O Governo irá tentar interceder no sentido de conseguir garantias bancárias de 600 mil euros para a empresa continuar a trabalhar.
Segundo as estatísticas oficiais, residem no Luxemburgo 76.600 portugueses, mas fontes da comunidade garantem que com as chegadas dos últimos anos o número de emigrantes poderá chegar já aos 100 mil.
Os portugueses trabalham maioritariamente por conta de outrem em setores como a construção civil e obras públicas, serviços domésticos, hotelaria, restauração, agricultura, indústrias e serviços (bancos e seguradoras).
O desemprego entre a comunidade portuguesa atinge os 30 por cento.
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