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Portugueses introduziram novos pães no país, diz investigador
2011-07-03

São Paulo, 03 jul (Lusa) -- Os imigrantes portugueses foram os responsáveis pela introdução, no início do século passado, de alguns tipos de pães no Brasil até então desconhecidos dos brasileiros, diz o investigador José Sacchetta Ramos Mendes.

Segundo o académico, os portugueses dominaram o comércio de padarias em São Paulo, a partir de 1920, porque havia uma carência de produção de pães na cidade e eles tinham a tradição de fabricar o produto de forma artesanal.

"Muitos tipos de pães foram introduzidos por esses portugueses, como o pão de leite e o pão quartado [feito com quatro farinhas diferentes]. Antes, os brasileiros não os comiam", afirmou Mendes à Agência Lusa.

A descoberta é parte da pesquisa que este investigador fez sobre a imigração portuguesa no Brasil, que resultou no livro "Laços de Sangue", lançado em Portugal pela editora Fronteira do Caos e, no Brasil, pela Edusp.

O investigador refere ainda que, nos anos 30, os portugueses dominavam toda a cadeia do pão.

"Os portugueses eram a maior parte dos forneiros e dos masseiros. Eles também eram grande parte dos carroceiros que entregavam os pães e dos carvoeiros que nutriam os fornos", conta o especialista.

Naquela época, era frequente a existência de quartos no fundo das padarias para os novos portugueses que chegavam ao país.

Na maioria eram jovens solteiros do sexo masculino, provenientes de regiões rurais de Portugal, principalmente do Norte do país.

"Eles trabalhavam na casa ou no comércio de outro português até conseguirem se estabelecer", conta.

A imigração portuguesa para o Brasil teve várias ondas desde o período colonial. Além do comércio, os portugueses trabalharam no campo, em especial no café, e como operários de fábricas. O ritmo dos desembarques diminuiu fortemente após os anos 60.

José Sacchetta Ramos Mendes afirma que se nota, embora "ainda em pequenos números", uma nova leva de imigrantes portugueses naquele país sul-americano, devido à crise económica em Portugal e ao crescimento do Brasil.

"Os novos imigrantes têm um perfil de maior escolaridade" que os do passado, afirma o académico, que não descarta, no entanto, a possibilidade de o Brasil voltar a atrair portugueses com menos estudos.

 

GL.

Lusa/Fim, aqui.

 

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