Um artigo recente da revista The Economist fez uma pergunta simples: para um país pobre, a fuga de cérebros pode ser vantajosa? E a resposta podia ser afirmativa, sustentava a revista.
Para economias pouco desenvolvidas, a saída dos profissionais mais qualificados pode trazer vários ganhos. As remessas dos emigrantes ajudam a compensar os desequilíbrios externos, o regresso desses profissionais, no futuro, traz benefícios, e a possibilidade de emigrar gera um incentivo para que a população prolongue mais os estudos.Álvaro Santos Pereira concorda que a emigração tem efeitos positivos, sobretudo a curto prazo. Por um lado, ajuda a atenuar o impacto negativo do desemprego, e o envio de remessas permite diminuir o endividamento externo os problemas na balança de pagamentos do país.
Em Portugal, diz o economista, as remessas baixaram muito desde os valores históricos dos anos 80. Agora, «é natural» que o aumento da emigração faça com que as remessas voltem a subir. «Embora, provavelmente, para valores bastante mais reduzidos do que anteriormente», refere. Segundo dados do Banco de Portugal, as remessas de emigrante totalizaram. no ano passado, 2,4 mil milhões de euros, um crescimento de 9% face ao ano anterior. Contudo, estão longe do patamar atingido no início da década.
E, como alerta o economista, têm também de ser ponderados os efeitos negativos da emigração. Entre eles está o impacto negativo na sustentabilidade das finanças públicas e da Segurança Social, uma vez que as contribuições sociais e as receitas fiscais diminuem. Por outro lado, acrescenta o economista, a emigração irá «aumentar os desequilíbrios causados pela nossa baixíssima taxa de natalidade» e a fuga de cérebros «pode igualmente ter um efeito negativo sobre a produtividade e sobre o grau de empreendedorismo nacional».
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