Em 2010, houve uma diferença de 3800 pessoas entre as saídas e entradas de residentes em Portugal. Embora positivo, o saldo não era tão baixo desde 1992 e representa uma queda de 15% no número de imigrantes registados em 2009. Já o número de saídas de residentes disparou 41% no ano passado. Contas feitas e segundo as estimativas do INE, Portugal tinha no final do ano menos 734 pessoas do que em 2009.
Aliado a um saldo natural novamente negativo, o facto explica como é que o número de residentes em Portugal possa ter encolhido pela primeira vez em 20 anos. Este é um dos cenários avançados pelo INE no Estudo da População Residente em Portugal em 2010, publicado ontem. Os números são ainda provisório até à agregação dos dados relativos aos Censos 2011.
Durante os últimos anos, a população residente em Portugal cresceu, não graças a mais nascimentos, cada vez são menos, mas devido ao fluxo de imigrantes que suportava a diminuição do número de filhos. Mas esse fluxo de entradas caiu para menos de metade numa década (passou de 75 mil para 28 mil pessoas). Ao mesmo tempo, a emigração mais que duplicou, passando de 9 mil para 24 mil pessoas. À medida que o cenário económico do país se deteriorava, a tendência tornou-se mais clara, levando a que muitos imigrantes regressassem ao países de origem. A bomba de crescimento secou e em 2008, quando a população subiu apenas 0,09%. Em 2009, progrediu 0,10% e no ano passado entrou em terreno negativo com a uma contracção de 0,01%.
O decréscimo do fluxo de imigrantes acentua o fenómeno de envelhecimento da população. Segundo este cenário, em 2010, Portugal atinge também o índice de envelhecimento populacional mais significativo da década. Por cada 100 jovens com menos de 15 anos, existem 120 pessoas com mais de 65 anos.
O INE salvaguarda que o saldo migratório é ajustado, ou seja, é "geralmente calculado com base na diferença entre a variação populacional e o crescimento natural entre os dois períodos" e não a partir da contabilização directa de entradas e saídas do país. Tal facto pode explicar alguma dissonância de números entre o INE e o Observatório da Emigração. Em 2009, este observatório estimava 70 mil saídas anuais de residentes para o estrangeiro, longe dos 23 760 contabilizados pelo INE.
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