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Eleições: Voto por correspondência apontado como obstáculo à participação dos portugueses na África do Sul
2011-06-02

Joanesburgo, 02 jun (Lusa) -- O voto por correspondência é apontado por responsáveis da comunidade portuguesa na África do Sul como um obstáculo à participação nas eleições legislativas e que deverá reduzir ainda mais o já diminuto número de votos em recentes atos eleitorais.

Segundo dirigentes, responsáveis diplomáticos e eleitores contactados pela Lusa na África do Sul, a falta de atualização dos registos consulares, o mau funcionamento dos correios e o alheamento relativamente às grandes questões da política portuguesa são os fatores que mais contribuem para a abstenção neste país de acolhimento, onde se calcula residirem meio milhão de portugueses e luso-descendentes.

O conselheiro das comunidades Silvério Silva identifica a falta de esclarecimento dos eleitores em torno dos mecanismos de recenseamento e atualização de moradas como um "problema grave" e que leva muitos a não receberem os votos por correio.

"São muitas as pessoas a queixarem-se, mas depois chegamos à conclusão que mudaram de morada e nunca atualizaram os seus dados nos cadernos eleitorais. Isso leva os boletins de voto a ficarem perdidos nos correios nas moradas antigas dos eleitores", disse o conselheiro.

Silvério Silva insistiu na necessidade de campanhas de esclarecimento sobre as complexidades do processo eleitoral português, que permite o voto nos consulados nas presidenciais, mas obriga ao voto por correspondência nas legislativas.

Para o cônsul-geral de Portugal em Joanesburgo, Carlos Marques, o deficiente funcionamento dos correios em países como a África do Sul é a sua maior preocupação e motivo de muitas queixas que recebe.

O cônsul-geral afirmou ter já enviado mensagens atempadamente para os serviços competentes do Ministério dos Negócios Estrangeiros a alertar para a necessidade de os boletins de voto serem enviados com muita antecedência, para que os eleitores os recebam a tempo de os enviarem de volta por correio registado.

Mas, segundo Carlos Marques, como as queixas se sucedem, foi forçado a enviar de novo uma nota de serviço esta semana, alertando para o problema, colocado por muitos eleitores, e que tem a ver com a ausência de notificações dos correios para levantamento dos boletins de voto.

Enquanto no consulado-geral da Cidade do Cabo o cônsul Jorge Fonseca afirma que o único problema que os serviços têm tentado solucionar é a emissão de cartas para eleitores que perderam os cartões poderem votar a tempo e horas, em Durban o cônsul honorário Elias de Sousa afirma que a não atualização de moradas e a falta de informação são os maiores obstáculos a uma votação significativa.

"Muitos emigrantes, pensionistas ou com menores rendimentos, queixam-se também do elevado preço do envio dos votos, que é de cerca de 30 randes (três euros)", afirma Elias de Sousa.

Nos últimos dois atos eleitorais, o número total de votantes na África do Sul foi de pouco mais de 1.100, num universo pouco superior a 20 mil eleitores inscritos.

AP.

Lusa/fim, aqui.

 

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